Reuters
29/01/2002 - 16h53

Banda Gorillaz e rococó inspiram Glória Coelho na Fashion Week

da Reuters, em São Paulo

Mocinhas urbano-aristocratas invadiram a passarela da G, da estilista Glória Coelho, trazendo babados, frufrus e peças inspiradas na corte de Luís 15 e 16 para o inverno na São Paulo Fashion Week. Elas brincam com zíperes que desconstroem seus casacos, usam minitatuagens de lua para enfeitar o rosto e ouvem a banda-cartoon Gorillaz no walkman.

Glória sempre coloca um pé num passado romântico e outro num futuro cibernético. Desta vez, essas distâncias ficaram bem marcadas, já que a modelagem acinturada dos casacos e dos sapatos com laços lembrava claramente a vestimenta de um aristocrata empoado do palácio de Versalhes.

"Essa coisa rococó tem muito do filme 'Entrevista com o Vampiro'", disse ela. "E o Gorillaz eu adoro (...) é o jeito cartoon e streetwear que define as crianças de hoje."

A releitura atualizada do passado ficou para os zíperes que desconstruíam essas peças de época. Brincando com elas, podia-se afinar a cintura, diminuir o comprimento de uma saia ou até provocar um volume saindo de uma jaqueta.

O espírito rococó foi atualizado por tiras de tecido que remetiam a esportes radicais, como o rapel. Elas envolviam quadris, afinavam cinturas e marcavam mais volumes em blusas brancas de manga bufante.

Glória não tem medo de brincar com suas roupas. Ela corta tecidos leves como chiffon para fazer tiras fininhas que caem sobre os ombros e não tem pudor em deixar as costuras aparentes em casacos e calças de lã, cujas barras ajustadas se abriam levemente no tornozelo e caíam sobre botinhas de couro com bico fino.

Quase todas as criações da coleção vieram nas cores preta ou marrom. Às vezes elas se misturavam em calças justas sobrepostas por minivestidos e saias - um empréstimo dos anos 80 que já mostra sua força para o próximo inverno.

As camisas surgiram predominantemente brancas e volumosas, prontas para servir a mosqueteiras do novo milênio que não se importam em exibir golas com laços enormes e mangas bufantes nas tabernas da modernidade.

Outras cores que pontuaram essa base escura foram o vermelho, o vinho, o cru e o bege na parte superior do corpo, garantindo um pouco de cor a uma coleção cheia de detalhes e sobreposições. De vestidos, nada. Apenas uma única peça vermelho-esvoaçante com apliques franzidos de tecido na gola e na barra.

Para arrematar a produção geral, foram usados grandes anéis em prata que pegavam ao mesmo tempo os quatro dedos da mão desenhados pela própria estilista e cabelos displicentemente amarrados em rabo-de-cavalo. Tudo muito moderno e retrô ao mesmo tempo, como a própria G.

Leia mais notícias sobre a SP Fashion Week


 

FolhaShop

Digite produto
ou marca