Reuters
07/02/2002 - 15h33

Sérvios de antiga área rebelde ainda adoram Milosevic

da Reuters, em Borovo (Croácia)

Sérvios no vilarejo de Borovo dizem ainda adorar e respeitar o ex-presidente da Iugoslávia Slobodan Milosevic, que está sendo julgado pelos crimes contra a humanidade cometidos durante a guerra na Croácia, de 1991 a 1995.

Os moradores afirmam que Milosevic não teve participação nas atrocidades da guerra e não querem fazer comentários sobre a lista de crimes que o ex-presidente é acusado.

No julgamento que começa na terça-feira (11), os promotores do Tribunal de Haia vão tentar provar a culpa de Milosevic em crimes de guerra cometidos por forças controladas de perto pelo então presidente. Os sérvios de Borovo negam as acusações.

"Milosevic nunca veio aqui, ele raramente deixava Belgrado. Além disso, fizemos o que fizemos por vontade própria, não porque ele nos mandou", disse Bora, dono de um pequeno café em Borovo. "Esse julgamento é uma farsa para prender um homem honesto."

Seu amigo Ostoja considera Milosevic um herói que defendeu os sérvios depois que a Croácia proclamou sua independência da Iugoslávia em 1991.

Reuters - 20.set.2000

Slobodan Milosevic, ex-presidente da Iugoslávia
"Se não fosse o apoio de Milosevic, teríamos todos sido mortos. Nós, os sérvios daqui, somos mais leais a ele do que os sérvios da própria Sérvia, que o traíram", disse Ostoja.

Reformistas depuseram Milosevic em uma revolução pacífica em outubro de 2000, e os novos líderes da Sérvia extraditaram o ex-presidente para o Tribunal de Haia no ano seguinte.

Chave
Em uma ação considerada crucial para a guerra da Croácia, 12 policiais foram mortos numa emboscada em Borovo na noite do dia 1º de maio de 1991.

Eles haviam entrado na cidade, então controlada pela milícia sérvia, para resgatar outros policiais que haviam tentado colocar a bandeira croata no lugar da bandeira iugoslava na noite anterior.

A tensão étnica aumentou e culminou na guerra, que terminou com a recaptura pelo governo croata da maior parte do território rebelde em 1995.

Borovo é citado no indiciamento como o local onde cerca de 80 não-sérvios foram mantidos em um estábulo e maltratados pela milícia local.

Os sérvios entrevistados não quiseram discutir sobre a guerra, mas disseram ter se juntado voluntariamente à milícia.

"Estávamos simplesmente defendendo nossas casas, nunca atacamos ninguém", disse Bora, que lamentou o fato de que a população do vilarejo tenha sido reduzida pela metade, para cerca de 6.000 pessoas, na última década.

"Quero esquecer a guerra e não falar mais sobre isso", disse.

Leia mais no especial Iugoslávia
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca