Reuters
08/02/2002 - 10h03

Participação de Milosevic em crimes de guerra desafia promotoria

da Reuters, em Belgrado (Iugoslávia)

A urbanidade da capital iugoslava, Belgrado, pode parecer incompatível com as áreas rurais onde aconteceram muitas das atrocidades cometidas nos Bálcãs nas últimas décadas.

Mas os promotores que acusam o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic precisam descobrir a trilha de sangue que liga esses dois mundos, se quiserem levar o ex-dirigente para detrás das grades.

Uma vez iniciado o julgamento por crimes de guerra do ex-presidente, na próxima semana, a promotoria do tribunal da ONU (Organização das Nações Unidas) instalado em Haia (Holanda) terá pouco trabalho para provar que sérvios mataram em Kosovo, na Bósnia e na Croácia, expulsando milhares de suas casas, dizem especialistas.

O desafio é mostrar uma ligação clara disso com Milosevic, que se manteve afastado da cena dos crimes quando eles eram cometidos. Não será suficiente dizer que o acusado era presidente da Sérvia, e mais tarde da Iugoslávia, a fim de responsabilizá-lo pelas atrocidades.

"O fato de ele ser chefe de Estado não significa que pode ser automaticamente considerado culpado de nada", afirmou Avril Mcdonald, do Instituto Asser de direito internacional, em Haia.

Segundo as leis do tribunal da ONU, Milosevic só poderá ser condenado se ficar provado que ele planejou ou ordenou os crimes de guerra ou se ficar provado que ele sabia ou deveria saber sobre as atrocidades e não fez nada para impedi-las ou para punir os responsáveis.

Provar a existência de uma cadeia de comando que se estenda das forças sérvias nas vizinhas Croácia e Bósnia até Milosevic, em Belgrado, pode ser algo difícil, apesar de muitas pessoas não terem dúvida de que o réu tinha controle sobre os soldados, policiais e paramilitares.

Advogados acreditam, porém, que a promotoria não terá muitos problemas com Kosovo, o primeiro caso a ser julgado.

A Província iugoslava era governada por Milosevic quando aconteceram em 1999 assassinatos em massa e expulsões de kosovares de origem albanesa.

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