Reuters
18/02/2002 - 23h46

Torpedo antigo e negligência causaram desastre do submarino Kursk

da Reuters, em Murmansk (Rússia)

Investigadores disseram hoje que um torpedo obsoleto e procedimentos de segurança ultrapassados foram as causas mais prováveis da explosão no submarino nuclear Kursk, o pior desastre naval pós-soviético da Rússia.

O Kursk afundou em agosto de 2000 e todos os 118 tripulantes morreram depois de duas grandes explosões no submarino.

Os promotores responsáveis pela investigação, após a inspeção dos destroços, rejeitaram a hipótese de uma colisão com um submarino da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O chefe da Marinha russa, Vladimir Kuroyedov, disse que o Kursk tinha torpedos obsoletos e perigosos. "Do que eu vi, acho que a confiança que cientistas e comandantes navais colocaram neste tipo de torpedo quando o adotaram era infundada", afirmou Kuroyedov, em uma entrevista coletiva que marcou o fim das inspeções dos destroços.

"Quando um torpedo similar explodiu a bordo de um submarino britânico em 1955, eles foram descartados em todo o mundo. Nós os usamos desde 1957", disse.

A explosão acidental de um torpedo detonando o arsenal do Kursk tem sido colocada como a causa mais provável do desastre. O presidente Vladimir Putin recebeu duras críticas pelo modo como conduziu a crise gerada pelo acidente.

Uma mina da Segunda Guerra Mundial e uma colisão com um submarino da Otan estavam entre as outras possíveis explicações para a tragédia. Mas o promotor Vladimir Ustinov disse que aquilo que parecia ser uma evidência da presença estrangeira nas águas do Oceano Ártico da península russa de Kola no momento do acidente era mais possivelmente uma água-viva.

"Vocês vão me perguntar: e a bóia do suposto submarino estrangeiro vista se aproximando por testemunhas oculares? Aquilo poderia ser uma grande água-viva que habita o mar de Barents naquela época do ano", disse Ulstinov.

"Não há nenhum outro tipo de informação sobre navios nas redondezas", afirmou. O Reino Unido e os Estados Unidos negaram que suas embarcações pudessem estar envolvidas na destruição do Kursk.

O promotor também criticou a ausência de ordem e disciplina. "Havia este sentimento de negligência, de que muitas coisas não eram feitas adequadamente", afirmou. Ele citou a falta de insistência dos oficias para a execução de reparos na saída de emergência do submarino assim como o fato da tripulação não ter acionado o sistema de comunicação interno de emergência durante as manobras.

O exame dos restos do submarino, entretanto, não produziu explicações conclusivas sobre o que detonou a explosão. Ulstinov disse que um veredito final será dado na metade do ano.

Leia mais no especial Kursk
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca