Reuters
08/05/2001 - 14h48

Escritor Gore Vidal vai assistir à execução de terrorista nos EUA

da Reuters, em Washington

O escritor Gore Vidal informou hoje que vai assistir à execução de Timothy McVeigh, que foi condenado em 1997 pelo atentado [ocorrido em 19 de abril de 1995] contra o prédio federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma City, que deixou 168 mortos, incluindo 19 crianças, e centenas de feridos.

Vidal, autor, entre outros, de "Criação" e "Lincoln", disse, em entrevistas à TV, que aceitou o convite para assistir à execução, que acontece no dia 16 de maio numa prisão de Terre Haute, em Indiana, nos EUA.

"Vou detestar - não gosto da pena de morte e não sou mórbido por natureza. Mas ele (McVeigh) pediu que eu viesse, e pensei 'afinal, temos o mesmo sentimento sobre o governo que se desgovernou", disse o escritor.

Vidal, como McVeigh no passado, criticou a ex-secretária de Justiça dos EUA, Janet Reno, que ordenou o ataque de 1993 contra a sede do Ramo Davidiano, em Waco, Texas, que terminou com a morte de mais de 80 integrantes da seita.

"Em primeiro lugar sou contra a pena de morte, em segundo, contra Timothy McVeigh explodir pessoas em Oklahoma City, mas sobretudo sou contra a secretária de Justiça Janet Reno", disse Vidal em entrevista ao programa "Good Morning America", da ABC.

"Ela (Reno) fez uma coisa terrível, e ele, em resposta, fez o mesmo. Se eu aprovo? Não. Se eu aprovo o padrão generalizado de assédio ao povo americano em todo o país? É claro que não".

Num livro lançado recentemente, "American Terrorist", McVeigh é citado como tendo dito que detonou a bomba que destruiu o edifício federal em Oklahoma City para vingar o ataque em Waco. Em nota divulgada no mês passado, ele contou que pensou em assassinar Janet Reno e outras pessoas em lugar de realizar o atentado, que deixou 168 mortos.

Gore Vidal, que pretende escrever um artigo sobre a execução para a revista "Vanity Fair", disse que iniciou sua correspondência com McVeigh depois de um artigo que escreveu para a revista em 1998, sobre a destruição da Carta de Direitos nos Estados Unidos.

"Ele me escreveu e eu fiquei fascinado com ele. Ele escreve muito bem, com clareza, sabe muito sobre a Constituição e tem profundo interesse na Carta de Direitos", disse Vidal.
 

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