Reuters
22/02/2002 - 13h59

Varejistas usam a internet para queima de estoques

da Reuters

As megapromoções e saldões na internet são ótimas oportunidades não apenas para os consumidores, que compram com descontos de até mais de 50%. Para os varejistas, o canal on-line é o caminho mais rápido para desovar produtos que se acumulam nos armazéns por falhas na projeção inicial de vendas ou por não caírem no gosto do público.

A estratégia, além ajudar no gerenciamento do negócio, é uma forma de conquistar o consumidor e fazer com que ele volte ao site para comprar, avaliam profissionais do setor.

No caso do Submarino, uma das maiores lojas online do Brasil, as vendas de itens em promoção, oferecidos com destaque na homepage, representam cerca de 15% da receita da empresa, de acordo com o diretor comercial e de marketing, Peter Furukawa.

Isso significa R$ 11,4 milhões em relação ao faturamento de R$ 76 milhões do ano passado.

"É muito mais rápido e muito mais barato, para nós é instantâneo. Se eu quiser fazer uma promoção hoje eu consigo. Essa agilidade só a internet tem", disse Furukawa, referindo-se às vantagens do meio digital para venda de estoques em excesso.

Com uma estratégia que inclui o envio de e-mails a 630 mil internautas para divulgar ofertas, o Submarino não faz promoções apenas com os produtos que tem em seu armazém na Barra Funda, zona Oeste da capital paulista. O site também é procurado por grandes fornecedores, que vêem no e-commerce "uma oportunidade para desovar", segundo Furukawa.

Para o sócio-diretor de e-commerce da consultoria Gouvêa de Souza & MD, Alberto Serrentino, o ponto-chave da web é sua capacidade de segmentar a oferta de produtos de acordo com o perfil do consumidor. "É o marketing direto. Você tem um livro que encalhou e pode oferecê-lo para quem tem uma afinidade com a categoria, o estilo", explicou.

No site da livraria Siciliano não é diferente. De acordo com Wallace Garcia, que trabalha na Siciliano.com, o uso da internet para venda de produtos com pouca saída é prática comum desde 1997, ano em que a página online entrou no ar.

"Sempre fizemos isso. A aceitação de promoções pela web é muito grande e fazemos isso com produtos que estão praticamente parados nas prateleiras", afirmou Garcia.

A Americanas.com, outra grande empresa de e-commerce no país, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as promoções on-line "têm retorno extremamente positivo e são feitas internamente". Uma porta-voz disse que existem "ações pontuais" para esgotar determinados itens.

Os produtos campeões do "mico" são títulos de livros, CDs, DVDs e softwares.

Nesta quinta-feira, um CD da dupla "teen" Sandy & Junior era oferecido num saldão do Submarino de R$ 24,50 por R$ 11,90. Na Siciliano.com, o Atlas Mundial 2001 da Encarta para computador era anunciado de R$ 98,80 por R$ 59,30.

Erro de cálculo

O uso da internet para queimar estoques também pode ter seus inconvenientes. Furukawa, do Submarino, lembra de um episódio recente envolvendo o site de comércio eletrônico: "Compramos muitos títulos de DVD e sobraram 1.200 cópias de um filme", conta.

"Isso 'micou' e resolvemos enviar e-mails para vender a preço de custo", disse. Uma falha no site fez com que a oferta continuasse disponível após o fim do estoque e mais internautas solicitaram o produto.

"Para evitar acusações de propaganda enganosa tivemos que comprar mais. Foi um erro operacional, nunca pensamos que iríamos vender tão rápido", explicou o diretor do Submarino.

O lucro, nesses casos, é do cliente. "O consumidor passa a ter alternativas, o poder de decidir quando, como e onde comprar", avalia Serrentino, da Gouvêa de Souza & MD.

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