Reuters
22/02/2002 - 18h56

"Tiraram a vida, mas não levaram sua alma", diz viúva de Pearl

da Reuters, em Nova York

A viúva de Daniel Pearl, o jornalista do "Wall Street Journal" assassinado no Paquistão, disse hoje que os sequestradores podem ter tirado a vida de seu marido, mas não conseguiram levar sua alma.

Mariane Pearl, em comunicado divulgado em Nova York pelo jornal, afirmou ter orgulho do marido, cuja morte gravada em vídeo foi confirmada ontem por autoridades norte-americanas e executivos do jornal.

"Com este ato de barbárie, os terroristas esperam que todos nós abaixemos nossas cabeças e nos isolemos como vítimas para sempre ameaçadas por sua crueldade", afirmou Mariane, que está grávida de sete meses do primeiro filho do casal.

"O que os terroristas esquecem é que eles podem tirar a vida de um inocente ou as vidas de muitas pessoas inocentes, como fizeram em 11 de setembro, mas não podem levar a alma ou a aniquilar a fé de seres humanos", disse.

"Os terroristas que dizem ter matado meu marido podem ter tirado sua vida, mas não levaram sua alma. Danny é minha vida. Eles podem ter me tirado a vida, mas não levaram meu espírito", disse.

Pearl foi assassinado pelos sequestradores que o levaram no dia 23 de janeiro em Karachi, Paquistão, onde tentava estabelecer contato com grupos islâmicos radicais.

Descartando vingança como algo "fácil" demais, Mariane Pearl afirmou: "Na minha opinião, é mais válido abordar o problema do terrorismo com honestidade suficiente para questionar a nossa própria responsabilidade enquanto nações e enquanto indivíduos pelo aumento do terrorismo."

Mariane, que é francesa e também jornalista como o marido, que dirigia o escritório do jornal em Bombaim, Índia, disse que espera poder contar ao filho que o pai dele "lutou pelo fim do terrorismo, levantando valores compartilhados por todos: amor, compaixão, amizade e cidadania, que vão muito além do chamado choque das civilizações".

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