Reuters
22/02/2002 - 20h38

Brasil terá primeiro banco de dados de plantas medicinais

da Reuters, em Brasília

O Brasil começou a desenvolver o primeiro banco de dados para mapear a enorme biodiversidade de plantas medicinais existentes no país, uma iniciativa que ajudará no combate ao comércio ilegal de vegetais como o guaraná e arnica, anunciou hoje o Ibama.

"Só com conhecimento é que nós efetivamente vamos disciplinar, ordenar e combater o uso ilegal destes recursos", disse o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Hamilton Casara.

Segundo ele, também haverá "forte trabalho de educação ambiental junto às comunidades, corrompidas pelo braço da atividade ilícita do tráfico".

O Brasil é considerado um dos países mais privilegiados do mundo em termos de reservas de plantas medicinais -como a aroeira, que combate inflamações, e a sucupira, que previne dores de garganta. Essa riqueza e diversidade faz do Brasil um dos maiores alvos de pirataria.

Segundo Casara, as plantas são levadas, nem sempre legalmente, para outros países, e reexportadas para cá em forma de produtos industrializados. Isso acontece porque nem sempre existem tecnologias adequadas para o desenvolvimento dos medicamentos no país.

Isso explica por que algumas plantas, como o ginseng e a arnica, fazem parte tanto da pauta de exportações quanto de importações brasileiras.

Estados Unidos e Alemanha estão entre os maiores consumidores dos produtos naturais brasileiros. Entre 1994 e 1998 eles importaram, respectivamente, 1.521 e 1.466 toneladas de plantas, que seguem para esses países sob o rótulo genérico de "material vegetal do Brasil", de acordo com Ibama.

Segundo Suelma Ribeiro, coordenadora do Núcleo Nacional de Plantas Medicinais e responsável pela constituição do banco de dados, a generalização acontece porque a legislação nacional "não permite um controle adequado para as atividades de extração, uso e comércio" das plantas terapêuticas.

Além da coleta dos dados, o núcleo pretende também desenvolver pesquisas para tecnologias que aumentem a eficácia das plantas quando transformadas em medicamentos e promover o desenvolvimento sustentável das espécies que estão em extinção.

As atividades do núcleo serão apoiadas por uma rede de comunicação e informação coordenada pelo Ibama em toda a fronteira continental brasileira.

Para ativar essa rede, o Ibama anunciou a contratação de mais 2.000 funcionários, o que permitirá um melhor monitoramento das atividades extrativas, principalmente na Amazônia.

O uso popular das plantas medicinais no Brasil com fins terapêuticos ou religiosos vem de diferentes culturas, especialmente da indígena, e é passado de geração para geração há séculos. Por isso, o projeto prevê a integração com essas comunidades para efetivar a coordenação da extração e a utilização das plantas.

O mercado mundial de plantas medicinais movimenta cerca de US$ 500 bilhões anuais.
 

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