Reuters
22/02/2002 - 22h50

Ex-mulher de Fujimori diz ter sido torturada quase 500 vezes

da Reuters, em Lima

A ex-mulher de Alberto Fujimori, deposto da presidência do Peru, disse hoje que foi torturada cerca de 500 vezes durante os dez anos de governo do ex-marido nos porões dos serviços secretos dirigidos por Vladimiro Montesinos.

"Cada vez que sofria um tipo de atentado fazia uma marca em um caderno. Quando passaram de 490 tomei as medidas para me afastar definitivamente do palácio do governo", disse Susana Higuchi, ex-mulher de Fujimori, hoje refugiado no Japão.

Higuchi, que agora é congressista, contou a jornalistas que "uma das tantas torturas" aconteceu na sede do Comando Conjunto das Forças Armadas, conhecido como "Pentagonito", em um sótão do serviço de inteligência do Exército, onde foi submetida a choques e agressões.

"Montesinos, na primeira e única visita que fiz à prisão naval, me pediu desculpas em reiteradas oportunidades (pelas torturas) e não me restou outra coisa (a não ser) desculpá-lo", disse Susana, que tem quatro filhos com Fujimori.

Montesinos, disse, "sempre disse que recebia ordens superiores (de Fujimori). Deixou implícito que isso não nascia dele", completou.

Higuchi mostrou cicatrizes na face, nuca e queimaduras na parte posterior do pescoço. Disse que sofreu a última agressão quando estava em um hospital de Lima, em junho de 2000.

Segundo a deputada, tudo começou quando ela denunciou publicamente, em 1992, que parentes de Fujimori cometiam irregularidades na distribuição de roupas doadas. O casamento acabou em 1994, quando ela iniciou uma greve de fome para protestar.

A ex-agente de Inteligência Leonor La Rosa - que foi torturada em 1997 por passar informação à imprensa - disse que testemunhou os castigos contra Higuchi.

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