Reuters
25/02/2002 - 19h41

EUA querem extradição de paquistanês suspeito de matar jornalista

da Reuters, em Washington

A administração Bush está considerando a possibilidade de instaurar um processo nos Estados Unidos para o caso do sequestro e assassinato do repórter norte-americano Daniel Pearl, segundo autoridades da Justiça dos EUA.

Eles falaram no momento em que o presidente George W. Bush, elogiando o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, por sua cooperação no caso, disse que Washington, com base em um tratado assinado há 71 anos, buscaria a extradição do principal suspeito do crime, Ahmed Omar Saeed Sheik, conhecido como xeque Omar. O acordo foi firmado antes da criação do Estado do Paquistão.

"Estamos sempre interessados em lidar com as pessoas que tenham feito mal aos cidadãos norte-americanos", disse Bush a jornalistas na Casa Branca.

Autoridades norte-americanas disseram que Washington estava considerando que o tratado, assinado com o Reino Unido em Londres em 1931, e aplicado à Índia em 1942 e ao Paquistão depois da divisão em 1947, ainda estaria em vigor.

"Essa é uma questão que vamos tratar com o governo do Paquistão", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, observando que a embaixadora norte-americana Wendy Chamberlin pretende abordar a questão da extradição do xeque Omar.

"O xeque Omar é um mau caráter. Ele está envolvido em sequestros e crimes contra cidadãos norte-americanos há anos. Ele é alguém em quem nós estamos de olho há muitos anos", afirmou Chamberlin.

Uma alta autoridade de Washington disse que o tratado foi usado em 2001 quando, a pedido do Paquistão, os Estados Unidos extraditaram Mansur-ul-Haq, um ex-oficial da Marinha procurado por corrupção. Ele viveu em Austin, no Texas, por quatro anos.

As autoridades enfatizaram que nenhuma decisão final havia sido tomada sobre a abertura de processo nos Estados Unidos. Segundo eles, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estavam estudando a possibilidade de reunir um grande júri em Washington ou em Alexandria, Virgínia, para ouvir testemunhas e possivelmente abrir um processo.

Bush disse que Musharraf lhe telefonou para falar da morte de Pearl no momento em que ele voltava da visita à China na sexta-feira (22). "Eu posso dizer pelo tom de sua voz que ele estava muito perturbado, chocado com este ato de barbárie que aconteceu em seu país."

"Ele sabe muito bem que esses assassinos não representam a vasta maioria do povo de seu país, e ele me prometeu pelo telefone que faria tudo ao seu alcance para encontrar os assassinos e levá-los à Justiça", disse o presidente.

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