Reuters
09/05/2001 - 12h53

Empresa indiana prepara pílula anti-Aids 3 em 1 mais barata

da Reuters, em Bombaim (Índia)

A empresa farmacêutica indiana Cipla Ltd., que iniciou os cortes globais de preço nos medicamentos contra a Aids em fevereiro, planeja produzir uma pílula do coquetel anti-Aids, que pode levar a uma diminuição ainda maior dos preços, disse o presidente da empresa.

"Nós estamos nos candidatando em licitações do governo indiano para lançar três drogas contra a Aids -estavudina, nevirapina e lamivudina- em um comprimido", disse Yusuf Hamied.

Hamied já tinha sacudido a indústria farmacêutica mundial com uma oferta para fornecer as três drogas contra a Aids para a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras por US$ 350 por paciente por ano, ou menos que US$ 1/dia. Agora, a pílula coquetel vai ser adicionada à oferta, disse ele.

"Nós ofereceremos a nova pílula combinada para os Médicos Sem Fronteiras, outras ONGs e governos em geral para eles fornecerem de graça", diz ele.

O novo produto da Cipla, que será chamado de Triomune-LNS, será a primeira pílula combinada das três drogas em qualquer lugar do mundo, disse Hamied.

Isto ocorre porque as patentes das três drogas são controladas por empresas diferentes. A inglesa GlaxoSmithKline detém a patente da lamivudina, a alemã Boehringer Ingelheim tem a patente do nevirapina e a gigante farmacêutica dos EUA Bristol-Myers Squibb controla a patente da estavudina.

A Cipla tem permissão pela lei indiana de patentes para produzir produtos que estão protegidos por patentes internacionais. A legislação protege somente o processo pelo qual as drogas são feitas e não as próprias drogas. Dessa forma, a Cipla se concentra em encontrar diferentes caminhos para produzir drogas patenteadas.

"Esperamos lançar o novo produto na Índia no fim deste ano e estamos no processo de candidatura para concessões de mercado em alguns países africanos, incluindo a África do Sul, o caminho certo", disse Hamied.

O novo medicamento combinado será vendido em uma caixa de 720 pílulas, a dose de um ano das drogas.

"O paciente terá que tomar uma pílula de manhã e de noite, em vez de três de cada duas vezes por dia", disse Hamied.

"Esperamos que isto aumente a continuidade do tratamento pelo paciente", acrescentou.

A GlaxoSmithKline, que ficou particularmente irritada com a proposta da Cipla de US$ 1 por dia e chamou a companhia indiana de "pirata", também comercializa uma pílula 3 em 1 chamada Trizivir. O produto é feito com zidovudina, lamivudina e abacavir.

É provável que a Cipla produza uma pílula parecida, de acordo com Hamied. "A Cipla espera produzir sua versão do Trizivir em 2002", disse.
 

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