Reuters
26/02/2002 - 17h41

Advogados questionam pedido de extradição dos EUA no caso Pearl

da Reuters, em Islamabad

Advogados paquistaneses questionaram hoje o direito dos Estados Unidos de tentar a extradição do homem suspeito de planejar o sequestro do jornalista norte-americano Daniel Pearl por crimes que não foram cometidos em solo norte-americano.

Autoridades norte-americanas disseram ontem que Washington poderá pedir a extradição do britânico Ahmed Omar Saeed Sheikh, o xeque Omar, através de um tratado da era colonial.

Segundo eles, o governo norte-americano acredita que o tratado de 1931 com a Inglaterra -- que dominava o território no qual o Paquistão foi estabelecido em 1947 -- ainda está em vigor. Os dois países já utilizaram o tratado em outras ocasiões para extraditar pessoas.

Os advogados acreditam, no entanto, que desta vez não será tão simples.

"Se um crime é cometido no Paquistão, a pessoa deve ser julgada aqui sob as leis paquistanesas", disse o advogado Abid Hasan Minto.

Xeque Omar está sendo interrogado por investigadores paquistaneses e deve ainda ser indiciado formalmente pelo sequestro e morte de Pearl.

Khawaja Naveed, o advogado de defesa de três outros suspeitos, afirmou que apreciaria o fato de seus clientes serem extraditados para os Estados Unidos, onde teriam um julgamento mais justo.

"Eu prefiro que meus clientes sejam julgados nos Estados Unidos. Todos são julgados de forma justa lá", afirmou Naveed.

Xeque Omar ficou famoso em 1994 quando foi preso pela polícia indiana por envolvimento no sequestro de cinco turistas -quatro britânicos e um norte-americano- na Índia.

"Mesmo neste caso, os Estados Unidos teriam problemas em tentar a extradição de Omar porque o crime foi cometido contra um cidadão norte-americano, mas não em território norte-americano", disse outro advogado Khawaja Haris Ahmed. Mas ele afirmou que o país "pode tentar ligar os casos às atividades da rede Al Qaeda e tentar a extradição alegando ser parte de uma conspiração contra os Estados Unidos".

A polícia indiana relacionou o xeque Omar aos ataques de 11 de setembro, acusando-o de envolvimento na transferência US$ 100 mil para a conta de Mohammad Atta, um dos pilotos que atingiu as torres do World Trade Center.

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