Reuters
09/05/2001 - 13h15

Montesinos recebeu US$ 15 mi de Fujimori para deixar o país

da Reuters, em Lima

O ex-presidente peruano, Alberto Fujimori, pagou ao chefe de seu serviço de informações, Vladimiro Montesinos, US$ 15 milhões de "compensação", depois de Montesinos provocar a pior crise política já vivida no país, informaram jornais hoje.

O diário "El Comercio" disse que Montesinos exigiu o pagamento em troca de deixar seu cargo e o país.

Citando o depoimento prestado pelo ex-ministro da Defesa, Carlos Bergamino, a um promotor que estuda acusações de corrupção a serem formuladas contra Fujimori, os jornais "El Comercio" e "La Republica" disseram que o ex-presidente peruano pagou a Montesinos com uma verba reservada para a defesa da fronteira do Peru com a Colômbia.

O procurador do Estado, José Ugaz, que analisa a fuga de Montesinos, já registrou queixas de corrupção contra Fujimori baseadas em depoimentos obtidos de um alto funcionário do governo. O promotor terá que decidir se indicia Fujimori formalmente.

As acusações de malversação de verbas do Estado seriam as primeiras a implicar o ex-presidente diretamente em atos de corrupção.

As informações não puderam ser confirmadas de imediato no gabinete da promotoria.

Fujimori teria autorizado o uso da verba através de decreto especial, uma cópia do qual foi impressa pelo El Comercio. O La Republica disse que o valor de US$ 15 milhões representou pagamento de US$ 1,5 milhão por cada ano dos dez anos em que Montesino atuou como principal assessor de Fujimori, posição que utilizou para manipular os tribunais, o Congresso, a imprensa e as forças armadas peruanas.

O império de Montesinos caiu depois que foi exibido na televisão, em setembro passado, um vídeo em que ele apareceu supostamente subornando um parlamentar. O alegado pagamento de USS 15 milhões foi feito dias mais tarde, pouco antes de Montesinos fugir para o Panamá, onde tentou em vão obter asilo político.

Montesinos está desaparecido, tendo sido visto pela última vez na Venezuela. Fujimori, cassado pelo Congresso em novembro passado por "incapacidade moral" para governar, se encontra no Japão, onde é protegido contra a extradição por ter cidadania dupla, peruana e japonesa.
 

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