Reuters
04/03/2002 - 15h53

Síria pode determinar sucesso ou fracasso de plano saudita

da Reuters, em Beirute (Síria)

A visita desta semana do presidente da Síria, Bashar Al Assad, à Arábia Saudita pode determinar o sucesso ou o fracasso da intrigante iniciativa de paz para o Oriente Médio apresentada pelo príncipe Abdullah, herdeiro do trono saudita.

Dirigente de fato do reinado, Abdullah afirmou no mês passado que o mundo árabe selaria relações plenas com Israel caso o Estado judaico se retirasse de todos os territórios árabes ocupados durante a Guerra dos Seis Dias (1967).

Assad voa para a Arábia Saudita amanhã a fim de conhecer melhor as idéias do príncipe herdeiro.

Dado o papel fundamental da Síria no conflito com Israel, a conversa entre os dois líderes pode decidir sobre se Abdullah submeterá seus planos de paz à cúpula árabe marcada para este mês em Beirute, capital do Líbano.

O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, antecipou-se a Assad e voou para Jidá (Arábia Saudita) hoje a fim de se encontrar com o príncipe herdeiro.

Diplomatas e analistas afirmam que o governo sírio, que exige a devolução das colinas do Golã, é capaz de minar ou sabotar os planos esboçados por Abdullah.

Assad, consciente do legado de tenacidade deixado por seu pai, Hafez Al Assad, pode ainda não ter se decidido sobre a questão.

Mas se o líder sírio sentir que os interesses do seu país estão sendo protegidos, ele pode dar seu apoio ao plano saudita, afirmou Patrick Seale, biógrafo britânico do antigo presidente, morto em 2000.

"O interesse dos sauditas agora é conquistar apoio entre os árabes e entre a comunidade internacional para seu plano", afirmou Seale. "Para ter efeito, o plano precisa obter apoio unânime dos árabes e da comunidade internacional. Isso seria a única coisa capaz de convencer os israelenses."

O plano saudita foi recebido com entusiasmo por líderes mundiais e com cautela por Israel. A maior parte dos países árabes recebeu-o com satisfação. Apenas a Líbia mostrou-se abertamente hostil a ele.

Plestinos
Assad não mencionou publicamente o plano. Mas, depois de uma reunião de emergência com líderes do Líbano no domingo, o presidente sírio insistiu que não deveria haver concessões a respeito do direito de retorno dos palestinos.

A defesa do direito de retorno pode ser uma maneira de Assad garantir para si o status de principal defensor da causa palestina. Muitos, porém, dizem que a preocupação real da Síria é a proteção de seus próprios interesses, em especial as colinas do Golã.

Se receber garantias desse tipo por parte liderança saudita, Assad não deve prejudicar a cúpula, disseram analistas.

Por outro lado, segundo analistas árabes, a Síria teme que o plano saudita sirva como um alento para o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, atualmente sob pressão interna por não ter conseguido colocar fim ao levante palestino, não ter selado a paz e não ter conseguido garantir a segurança dos israelenses.

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