Reuters
05/03/2002 - 15h49

Presidente sírio discute proposta de paz na Arábia Saudita

da Reuters, em Riad (Arábia Saudita)

O presidente sírio, Bashar al-Assad, reuniu-se com líderes sauditas hoje para negociações que podem definir o futuro de uma proposta feita pelo príncipe saudita Abdullah para acabar com o conflito de 53 anos entre árabes e israelenses.

O príncipe Abdullah e Assad discutiram a proposta de paz feita pelo príncipe, a situação nos territórios palestinos e modos de expandir a cooperação bilateral.

As conversas centralizaram-se "no massacre, destruição e bloqueios impostos pelas forças israelenses ao povo palestino e na necessidade de estabelecer um estado palestino tendo Jerusalém como capital", disse a Agência de Imprensa Saudita.

Assad veio acompanhado pelo vice-presidente Abdel-Halim Khaddam e pelo ministro das Relações Exteriores Farouq al-Shara, segundo a agência.

O príncipe Abdullah, que governa o país desde que o rei Fahd sofreu um derrame em 1995, propôs no mês passado que os países árabes estabeleçam laços plenos com Israel caso o país desocupe os territórios conquistados na guerra de 1967.

"O objetivo das conversas é garantir que a iniciativa preencha todos os requisitos para ser bem-sucedida", disse um diplomata sírio.

Vários países ocidentais e árabes apoiam a proposta, cujos detalhes ainda não foram divulgados, por oferecer um raio de esperança para resolver a conflito no Oriente Médio. Israel está relutante em relação à proposta.

A Síria, oficialmente em guerra com Israel, não fez comentários diretos sobre a proposta. Mas Assad reiterou o direito de retorno dos 3,6 milhões de refugiados palestinos expulsos durante a criação do Estado de Israel, em 1948, e a necessidade de apoiar a revolta palestina contra a ocupação israelense.

A Síria também quer que qualquer proposta enfatize as exigências da retirada de Israel das Colinas do Golã, ocupadas em 1967, e defenda os interesses do país.

Os comentários de Assad, feitos em Beirute no domingo (3), deixaram o príncipe Abdullah em dúvida sobre apresentar ou não a sua proposta durante a conferência árabe marcada para os dias 27 e 28 de março na capital do Líbano.

Abdullah quer consultar líderes árabes antes de apresentar suas idéias.

Mas o presidente iraquiano, Saddam Hussein, criticou o plano saudita hoje e o líder líbio Muammar Kaddafi ameaçou deixar a Liga Árabe por causa da proposta.

A Síria, que iniciou negociações de paz com Israel em 1991, sempre foi ambígua na hora de definir a normalização das relações com Israel.

Diplomatas e fontes oficiais afirmam que a Síria também teme que a proposta beneficie o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, que está perdendo o apoio da população em razão ao fracasso em conter o levante palestino pela força.

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