Reuters
06/03/2002 - 20h47

Vacina antiantraz é eficaz, mas deve ser aprimorada, diz grupo

da Reuters, em Washington

Uma vacina contra antraz foi distribuída a meio milhão de funcionários norte-americanos e é segura e eficaz contra todas as cepas dessa bactéria, mas especialistas disseram hoje que o imunizante, por ser administrado em seis doses, está longe de ser ideal.

A vacina também deve proteger pessoas que foram expostas ao antraz, mas que não contraíram a doença. A questão tornou-se mais urgente com as cartas contaminadas enviadas em outubro passado, que mataram cinco pessoas e deixaram outras 13 infectadas e doentes.

No entanto, uma vacina melhor ainda é necessária. Um imunizante que seja mais fácil e menos doloroso de usar e administrado em menos de seis doses, como é o caso atual nos Estados Unidos, informou uma agência independente que colabora com o governo norte-americano em um relatório.

"A vacina contra antraz deve proteger contra a forma inalável da infecção, mas um programa longo de vacinação e a forma com que as vacinas são administradas a deixa longe do ideal", disse Brian Strom, professor de medicina da Universidade da Pensilvânia, que coordenou o estudo. "Ela é também fabricada usando tecnologias mais antigas que podem ser melhoradas", acrescentou em comunicado.

O Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA (CDC) acredita que mais de 30 mil pessoas podem ter sido expostas ao antraz por meio das cartas enviadas a um jornal da Flórida, ao prédio do Senado em Washington e a redes de televisão em Nova York. Mais de 10 mil pessoas tomaram antibióticos, entre eles funcionários do correio, jornalistas e membros do Congresso e seus funcionários.

Antibióticos podem evitar que os esporos de antraz, seja por respiração ou absorção pela pele, se tornem uma virulenta bactéria, mas eles precisam ser tomados durante várias semanas.

O CDC informa que 192 pessoas optaram por tomar a vacina, que estava sendo oferecida como uma forma alternativa para qualquer pessoa que não quisesse usar o antibiótico durante meses para prevenir-se contra os esporos de antraz, que poderia ter inalado de tomar controle dos seus corpos.

Foi solicitado ao Instituto de Medicina que avaliasse a segurança e a eficácia da vacina em 2000, após vários funcionários reclamarem dos efeitos colaterais. Cerca de 400 pessoas se recusaram a receber a vacina.

Naquele momento, era para protegê-los contra o antraz, caso fosse utilizada como arma biológica. Mas o comitê do Instituto, integrado por dez especialistas, acelerou os esforços depois dos ataques do ano passado.

Eles descobriram que a vacina atual, embora seja antiga, funciona contra uma toxina que torna o antraz letal. Isso quer dizer que poderia funcionar contra qualquer bactéria de antraz geneticamente modificada ou alterada, segundo eles.

De uma forma geral, as reações à vacina são similares às vistas em qualquer outra vacina, informou o relatório.

"Reações como vermelhidão e inchaço no local da injeção são comuns", disse o Instituto, uma das entidades da Academia Nacional de Ciências, por meio de um comunicado.

"Respostas sistêmicas -mal-estar e dor muscular- ocorrem com uma frequência menor. Reações podem resultar em faltas no trabalho ou curtos períodos de atividade limitada, mas eles não são capazes de incapacitar o usuário permanentemente."

Uma nova vacina está sendo testada e, por enquanto, a antiga continua sendo fabricada. Em janeiro, o governo deu sinal verde à BioPort Corp. de Lansing, Michigan, o único fabricante norte-americano de vacinas contra antraz, para retomar a produção da vacina.

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