Reuters
06/03/2002 - 21h13

Remakes são grande aposta em Hollywood

da Reuters

Quando a Sony Pictures estava filmando "Godzilla" -a mesma história e o mesmo lagarto gigante-, fez questão de dizer que não se tratava de um remake, porque o filme original se passava em Tóquio, sendo que a nova versão era ambientada em Nova York.

Como se pode ver, os produtores apreciam a facilidade de reciclar sucessos antigos, mas não gostam de admitir que estão apenas requentando velhos campeões de bilheteria. Mas o fenômeno dos remakes está invadindo não apenas Hollywood, como também a Broadway, tomada por uma onda de revivals.

Reciclar filmes antigos nunca saiu de moda em Hollywood. Hoje, porém, tudo pode servir de base para uma refilmagem, um remake do remake.

Refilmagens

A lista de revivals que estão sendo desenvolvidos na capital do cinema norte-americano inclui "Harvey'', "Charada'', ''Suspicion'', "Se Eu Fosse Minha Mãe'', "Barbarella'', "A Fantástica Fábrica de Chocolate'', "Alvorada dos Mortos'' e "O Massacre da Serra Elétrica''.

Hollywood sempre gostou dos remakes, mas hoje existem incentivos adicionais para produzi-los. O aumento dos custos de desenvolvimento e produção de filmes levou os estúdios a incentivar os cineastas a criar franquias.

E os diretores estão procurando todo um tesouro de material gratuito e de valor já comprovado nos acervos dos próprios estúdios.

Mas o fenômeno do remake não se restringe ao cinema. Quase metade dos shows que estão estreando na Broadway este ano são reciclagens.

Na televisão, a Warner está produzindo novas versões de sucessos antigos como "Family Affair'' e "The Lone Ranger''. A trilha sonora de "E Aí Meu Irmão, Cadê Você¿'', uma antologia de música de raiz dos anos 1920, já vendeu 4 milhões de cópias e acaba de receber seis prêmios Grammy.

A viagem saudosista dos estúdios cobre uma ampla gama de estratégias de remake. Elas variam desde a franquia "Múmia'', da Universal, até "Psicose'', de Gus Van Sant, cujo roteiro, de Joseph Stefano, é o mesmo do thriller original dirigido por Alfred Hitchcock em 1960.

Há também as refilmagens americanas de filmes em língua estrangeira, dos quais o exemplo mais recente é "Vanilla Sky''.

Embora as sequências não sejam remakes, muitas delas usam os mesmos personagens, dilemas e situações que o primeiro filme (por exemplo, quem é capaz de distinguir entre "Máquina Mortífera 2'' e "Máquina Mortífera 3'').

E não há apenas simples remakes, mas também os remakes de remakes. "Pacto Sinistro'', de Alfred Hitchcock, já teve duas refilmagens e está novamente sendo produzido pela Warner.

A Miramax vai lançar este ano a sétima versão de "The Four Feathers''. MGM e Miramax estão refazendo a obra-prima de Akira Kurosawa "Os Sete Samurais'', que inspirou, entre outros, o faroeste "Sete Homens e um Destino''.

"Rashomon'', de Kurosawa, refeito em 1964, assim como "Quatro Confissões'', com Paul Newman, também está ganhando nova versão. "Here Comes Mr. Jordan'', original de "O Céu Pode Esperar'', de 1978, foi novamente refilmado no ano passado, mais uma vez como "O Céu Pode Esperar'', mas agora com o ator cômico Chris Rock.

Novo rumos

Segundo o presidente da Universal, Stacey Snider, revisitar a história do cinema pode conduzir os estúdios em direções novas. Os irmãos Coen estão refilmando um título do acervo da Universal -a comédia romântica "Gambit'' (1966), de Roland Neame- e, segundo Snider, esse remake vai infundir vida nova no gênero.

"Adoramos comédias românticas, mas estávamos um pouco cansados de suas convenções'', explica. "A gente adora ver Julia Roberts e Cameron Diaz ao lado de sujeitos bonitões e talentosos, mas quer fazer um filme que não se resuma a 'será que ele vai ou não...?'"

Outro fator que alimenta a tendência de produzir remakes é a globalização do cinema estrangeiro e a proliferação de co-produções internacionais.

O enorme sucesso de "Três Solteirões e um Bebê'', baseado no filme francês "Trois Hommes et un Couffin'', de 1985, abriu as portas a versões produzidas em Hollywood de uma série de títulos internacionais.

Atualmente, dezenas de produtores percorrem o circuito dos festivais de cinema à procura de novas idéias. E os estúdios estão encontrando inspiração em filmes asiáticos, europeus e sul-americanos.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca