Reuters
07/03/2002 - 19h29

"Falcão Negro em Perigo" causa mal-estar com crueldade da guerra

da Reuters, em Hollywood

A guerra é um inferno que ocupa os 100 minutos contínuos de duração de "Falcão Negro em Perigo", filme que estréia nesta sexta-feira no Brasil e que recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo melhor diretor para Ridley Scott. Trata-se de um combate criado com maestria, mas nada agradável de se assistir.

Baseado no best seller do jornalista Mark Bowden, em que narra uma missão americana desastrosa na África que resultou em 18 soldados mortos e mais de 70 gravemente feridos, este filme sombrio mergulha o espectador no meio da ação, de maneira assustadora e implacável.

O roteiro do novato Ken Nolan e do veterano Steve Zaillan ("A Lista de Schindler") focaliza os acontecimentos de 3 de outubro de 1993, quando integrantes das forças de elite norte-americanas Delta e Rangers entraram em Mogadíscio, Somália, com a missão de "extrair" dois dos principais aliados de um comandante local cujos excessos violentos estavam dificultando ainda mais a vida já miserável de seus compatriotas.

Assim que a operação "Irene" começa, a visão de 19 helicópteros sobrevoando o deserto em direção à cidade, sob o sol da tarde, é espantosa e bela. Os 160 homens, alguns dos quais chegam em 12 caminhões e outros veículos, esperam entrar e sair em apenas uma hora.

Mas as coisas começam a dar errado. Um soldado é gravemente ferido logo ao tocar o solo e, em intervalos de 20 minutos, dois helicópteros Black Hawk (os "Falcões Negros" do título) são derrubados por combatentes de rua fortemente armados.

Esses desastres inesperados obrigam os Rangers a tentar salvar seus colegas, abrindo caminho por vários quarteirões em meio à cidade, onde franco-atiradores se movem rapidamente pelos telhados e bandos de habitantes locais enfurecidos aparecem de uma hora para outra em qualquer esquina. O resultado é catastrófico.

Embora o ponto de vista somali seja apresentado apenas muito brevemente, e por mais que as vidas dos americanos (quase todos brancos) sejam valorizados muito acima das dos somalis (quase todos negros), 500 dos quais morreram no conflito daquele dia, o filme consegue manter atitude bastante imparcial em relação ao conflito.
 

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