Reuters
12/03/2002 - 16h11

Israel mata 30 na maior ofensiva desde 1967, ministros renunciam

da Reuters, em Ramallah

Forças israelenses mataram 30 palestinos hoje na maior ofensiva realizada na Cisjordânia e na faixa de Gaza desde que Israel tomou os territórios na guerra do Oriente Médio de 1967.

Soldados israelenses invadiram campos de refugiados e o centro do poder do presidente da Autoridade Palestino, Iasser Arafat, às vésperas da chegada de uma missão de paz dos Estados Unidos à região.

O secretário-geral da ONU (Organzaição das Nações Unidas), Kofi Annan, em sua mais dura crítica a Israel, pediu que o país parasse com "os bombardeios a áreas civis, com os assassinatos, com o uso desnecessário de força letal, com as demolições e com a humilhação diária de palestinos".

Horas depois de 150 tanques invadirem Ramallah, confinando Arafat dentro de seu gabinete, homens armados disfarçados de soldados israelenses mataram a tiros seis israelenses perto da fronteira com o Líbano.

O ataque, realizado por agressores não identificados contra carros e ônibus na região da Galiléia, aumentou o temor à abertura de uma nova frente no conflito. O ciclo de violência ameaça arruinar a missão de paz do enviado norte-americano Anthony Zinni antes mesmo de seu início.

O chefe do Exército de Israel, o general-tenente Shaul Mofaz, disse a um comitê parlamentar que os militares colocaram 20 mil soldados na ação na Cisjordânia e na faixa de Gaza.

Mesmo assim, o tamanho da ofensiva não foi suficientemente grande para satisfazer os ministros ultranacionalistas -Benjamin Elon (Turismo) e Avigdor Lieberman (Infra-estrutura Nacional), que renunciaram hoje.

No domingo (10), o principal partido da extrema-direita israelense já havia anunciado a decisão, em princípio, de deixar o governo, após a declaração do primeiro-ministro Ariel Sharon de não mais exigir sete dias de "calma total" antes de negociar com os palestinos.

Um porta-voz do Unidade Nacional-Israel Beitenou, anunciou que sete deputados, entre eles dois ministros e um vice-ministro, deixariam a coalizão governamental.

"Nossa decisão de deixar o governo é definitiva porque não podemos aprovar uma política derrotista", disse o deputado Eliezer Cohen.

O Exército disse que a campanha visa acabar com os ativistas islâmicos, mas os palestinos acusaram Israel de tentar reocupar toda a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a fim de minar a missão do enviado norte-americano para o Oriente Médio. Zinni deve chegar no fim desta semana à região.

Na principal praça de Ramallah, palestinos furiosos penduraram em um poste o cadáver de um suposto colaborador de Israel. O jovem, com o rosto e o peito cobertos de sangue, foi colocado de cabeça para baixo em um poste de metal.

O ministro da Informação palestino, Yasser Abed Rabbo, afirmou que Omri Sharon, filho do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, havia dito que o país reocuparia Ramallah, mas não atacaria o gabinete de Arafat, de onde os tanques mantiveram a uma distância de 20 metros.

"Essa é uma grande ofensiva que visa à reocupação da Cisjordânia e da faixa de Gaza", disse Abed Rabbo. "O envio de Zinni à região foi apenas uma manobra, porque acreditamos que os EUA estavam informados da grande ofensiva e das intenções de Sharon."

Segundo o Exército de Israel, a ofensiva, feita por terra, mar e ar, tinha por alvo acabar com as "bases do terror" usadas pelos palestinos para realizar ataques contra israelenses.

"Pretendemos construir um muro, falando de forma figurada, entre Ramallah, a capital da atividade terrorista, e Jerusalém", disse uma alta patente do Exército.

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