Reuters
12/03/2002 - 20h11

Tizuka Yamazaki fará "Gaijin 2", da imigração japonesa, em Londrina

da Reuters, em Londrina

O Brasil é um dos países de maior concentração de japoneses fora do Japão e a diretora Tizuka Yamazaki vai outra vez contar a história desses imigrantes em "Gaijin 2", filme que começará a ser rodado a partir de sábado em Londrina, no Paraná.

A produção de R$ 9 milhões representa a retomada de um sonho alimentado por Tizuka há pelo menos 20 anos, mais precisamente desde 1980, quando estreou o longa-metragem "Gaijin - Caminhos da Liberdade", que conquistou nada menos que 43 prêmios nos mais importantes festivais de cinema.

Para "Gaijin 2" uma cidade cenográfica foi montada, especialmente para recriar o ambiente da cidade de Londrina nos anos 1932, 1945, 1947 e 1948.

A reconstituição foi feita pela diretora de arte Yurika Yamazaki, irmã e colaboradora de Tizuka desde o primeiro "Gaijin". Yurika co-assina o trabalho com o cenógrafo Osvaldo Lioi.

Saga

O primeiro "Gaijin" (o título em japonês significa "estrangeiro" ou "ocidental", uma forma sincopada de "gaikokujin") contava a saga dos imigrantes japoneses que vieram para o Brasil em 1908 no histórico transatlântico "Kassato Maru".

"Gaijin 2" parte da descendência daqueles imigrantes e estende sua narrativa através de quatro gerações de mulheres ao longo do último século.

Tizuka retratará a saga dos dekasseguis, os descendentes dos primeiros imigrantes que agora voltam para tentar a vida na terra dos avós.

"Os primeiros imigrantes japoneses que aqui chegaram estão desaparecendo, enquanto 250 mil descendentes continuam voltando para trabalhar no Japão, provocando uma verdadeira revolução cultural", afirmou a diretora.

"Quero filmar esta saga. Quero que os sentimentos nunca exteriorizados por nossos antepassados sejam entendidos por nossos filhos como um grande ato de integração."

Além das filmagens no Paraná, parte da equipe vai se deslocar até o Japão.

À frente do elenco de "Gaijin 2" estão a nipo-americana Tamlyn Tomita e o cubano Jorge Perugorría.

Japonesa de Okinawa, onde nasceu há 36 anos, Tamlyn Tomita vem fazendo carreira nos Estados Unidos, principalmente em seriados televisivos.

Ela foi considerada em 1991 um dos 50 rostos mais bonitos do mundo pela revista "People", e sua carreira em Hollywood passa por "Karatê Kid 2" e "Grande Hotel".

Perugorría se destacou como sólido ator latino nos anos 1990, participando de produções cubanas de repercussão internacional como "Morango e Chocolate" e "Guantanamera", ambas assinadas por Tomás Gutierrez Aléa.

Seu trânsito pelo cinema brasileiro começou através de "Navalha na Carne", de Neville de Almeida, prosseguindo com o recente "Estorvo", de Ruy Guerra.

"Tenho um respeito muito grande pelos cineastas emblemáticos da América Latina e, mesmo que minha carreira internacional venha a tomar outros rumos, trabalhar com Ruy Guerra, Neville de Almeida, Miguel Littin e Tizuka engrandecem o histórico de qualquer ator", disse.

O elenco internacional é completado pelos japoneses Kyoko Tsukamoto (veterana do primeiro "Gaijin"), Kissey Kuwamoto, Riugo Sugimoto, Eijiro Osaki, além da atriz canadense Nobu McCarthy.

Entre os brasileiros, os destaques são Zezé Polessa, Mariana Ximenes, Luis Mello e Louise Cardoso.

Equipe unida

Se depender de antigos colaboradores, "Gaijin 2" deve repetir o sucesso do primeiro filme. Além da comunhão familiar com a diretora de arte Yurika, Tizuka conta novamente com o produtor Carlos Alberto Diniz e com o diretor de fotografia Edgar Moura, profissional que já atingiu o status de mestre da iluminação no cinema brasileiro.

Os dois "Gaijin" são, com certeza, fruto do empenho autoral da gaúcha Tizuka Yamazaki. Nascida em Porto Alegre em 1949, mas criada em Atibaia, interior de São Paulo, aos 15 anos ela foi estudar na capital. Em 1970 mudou-se para Brasília, onde cursou cinema.

Ela foi assistente de direção de Nelson Pereira dos Santos em "Amuleto de Ogum" e "Tenda dos Milagres", e de Glauber Rocha em "A Idade da Terra".

Realizar "Gaijin" foi, portanto, pôr em prática as lições dos mestres. Embora não-autobiográfico, o roteiro contém elementos de sua própria vivência. A cineasta é neta de imigrantes, e desde pequena ouvia histórias de lutas e sofrimentos, mas também de esperança.

Embora sem repetir o sucesso de "Gaijin", dois outros títulos dos anos 1980 confirmaram uma diretora sensível e atenta aos problemas do país. São eles: "Parahyba Mulher Macho", que mistura romance e política a partir da obra de José Joffily, e "Patriamada", que procurou refletir o clima de redemocratização vivido pelo Brasil.

Na televisão, Tizuka assinou grandes sucessos, como as minisséries "O Pagador de Promessas" e "Madona de Cedro". Voltou ao cinema em 1996 com o frustrado "Fica Comigo". E passou à história do recente cinema nacional ao dirigir alguns dos maiores fenômenos de bilheteria com Xuxa e Renato Aragão.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca