Reuters
14/03/2002 - 19h47

"Tenenbaums" conta saga de uma família esquisita

da Reuters

"Os Excêntricos Tenenbaums", que chega aos cinemas nesta sexta-feira, mostra como é fazer parte de uma família realmente esquisita.

Candidato ao Oscar de melhor roteiro, "Tenenbaums" conta a história de um pai que faz de tudo para se reconciliar com sua ex-mulher e seus filhos.

No estilo de antigas adaptações de estúdio, o filme começa com o virar das primeiras páginas de um livro e o posicionamento da narrativa como o relato escrito da vida de uma família seriamente dividida.

Royal Tenenbaum (Gene Hackman) é um advogado outrora bem-sucedido que, depois de abandonar sua casa, foi preso e proibido de exercer a profissão.

Seu filho mais velho é Chas (Ben Stiller), um gênio das finanças que ficou viúvo e vive com seus dois filhos, os quais busca superproteger de maneira obcecada. Foi ele, aliás, quem provocou a derrocada financeira de seu pai.

A filha adotiva Margot (Gwyneth Paltrow) é uma dramaturga precoce que leva uma vida duvidosamente promíscua, apesar de estar casada com o terapeuta infantil Raleigh St. Clair (Bill Murray).

O mais jovem, Richie (Luke Wilson), ex-tenista prodígio, passeia pelo mundo de navio, aparentemente fugindo do desencanto profissional e do amor impossível por Margot.

A mãe é Etheline Tenenbaum (Anjelica Huston), que criou os filhos após a partida de Royal, não faz sexo há 18 anos mas agora, apesar de ainda não estar legalmente divorciada, considera a proposta de casamento feita por seu reservado colega e parceiro de bridge Henry Sherman (Danny Glover).

Os filhos voltam para a casa da família por razões próprias, mas reagem com hostilidade quando o pai aparece, querendo fazer as pazes com todos. Rejeitado, ele vai trabalhar como ascensorista num hotel para pagar suas dívidas.

A parte mais interessante da história diz respeito a Margot e Richie. Apaixonado por ela, Richie considera esse amor ilícito, apesar de eles não serem irmãos de sangue. Mesmo quando ele revela o problema a Royal e, surpreendentemente, recebe a luz verde do pai, não consegue superar a barreira - seja esta real ou não.

A dor de todos esses personagens -- por seu potencial não-realizado e as relações frustradas com as pessoas que lhe são mais próximas - é palpável e profundamente comovente.

"Os Excêntricos Tenenbaums" é a história de uma tentativa desesperada de consertar conexões rompidas, tentativa esta que é fadada ao fracasso, mas que não deixa de trazer dividendos.

Os dois primeiros longas do diretor Wes Anderson, "Pura Adrenalina" e "Três é Demais", foram elogiados por sua originalidade e seu lado cômico malicioso, mas nunca ultrapassaram o status de filmes cult.

Já em "Tenenbaum", tudo anuncia objetivos maiores: o âmbito mais amplo da história, o elenco respeitável, o formato de saga familiar e as ambições literárias que remetem quase imediatamente ao escritor J.D. Salinger.

Além do quase incesto, essa família se mostra incrivelmente estranha pelo gosto de Chas e seus filhos por agasalhos Adidas, o lápis ao redor dos olhos de Margot e o medo dela de revelar seu vício pelo cigarro.

Destaque ainda para a faixa na cabeça de Richie, que parece ser um membro de seu corpo. Por essas execentricidades, os ''Tenenbaums'' são adoravelmente engraçados.
 

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