Reuters
15/03/2002 - 11h23

Célula de medula óssea humana vira neurônio em cérebro de rato

da Reuters, em Nova York

Um transplante que utilizou células-tronco derivadas de medula óssea humana reverteu algumas sequelas relacionadas ao derrame em ratos, disseram pesquisadores de Minnesota (Centro-Norte dos Estados Unidos).

Embora ainda seja cedo para começar a testar a técnica em humanos, os resultados levantam a possibilidade de tratar o derrame e outros tipos de danos neurológicos com células-tronco retiradas da medula óssea da própria pessoa, disse um dos autores do estudo.

As células-tronco são estruturas imaturas que podem originar vários tipos de células especializadas. Elas são mais abundantes em embriões, mas também existem nos adultos em alguns tecidos, como a medula óssea.

A equipe de Walter C. Low, da Universidade de Minnesota, em Minneapolis, isolou células-tronco de medula óssea de humanos adultos. Essas estruturas foram capazes de formar vários tipos de células em laboratório. Para verificar se poderiam se diferenciar quando implantadas em animais, os pesquisadores transplantaram células-tronco derivadas de medula humana para o cérebro de ratos que haviam sofrido derrame.

Duas semanas após o transplante, as células-tronco haviam se diferenciado e formaram vários tipos de células cerebrais -neurônios, astrócitos e oligodendrócitos-, disseram os cientistas na edição de março da revista "Experimental Neurology".

Os ratos para os quais as células foram transferidas apresentaram uma melhora funcional substancial. Num período que variou de duas a seis semanas após o procedimento, os roedores apresentaram uma recuperação do uso dos membros consideravelmente maior que os animais que não receberam o transplante. Apesar da melhora, a função dos membros não foi completamente restabelecida.

Os dados demonstraram que células-tronco adultas derivadas de medula óssea humana podem ser usadas para restaurar a função neurológica após o derrame, declarou Low. No futuro, a medula óssea da própria pessoa poderá ser usada para tratar sequelas de derrame, afirmou o pesquisador.

Se o procedimento funcionar em humanos, a medula óssea se tornará uma fonte ilimitada de células para a terapia de derrame, de lesões na cabeça e de outros problemas neurológicos, segundo a equipe de pesquisadores. Esses transplantes não trariam risco de rejeição porque seriam usadas células retiradas da própria pessoa. Extrair células-tronco de medula óssea adulta também evitaria os problemas éticos relacionados à obtenção dessas estruturas a partir de embriões.

"A próxima etapa será determinar a estabilidade a longo prazo das células-tronco transplantadas", disse Low. Outra questão importante é determinar o prazo máximo após o derrame em que transplante deve ser feito para que permita a restauração das funções.
 

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