Reuters
18/03/2002 - 17h02

Concorrência acirrada esquenta o Oscar de melhor atriz

da Reuters, em Los Angeles

Se a vida real fosse um filme de Hollywood, Nicole Kidman coroaria um ano de tristezas pessoais e vitórias profissionais, andando em direção ao pôr-do-sol com seu primeiro Oscar.

E o público a aplaudiria em pé porque, se a decisão levasse em conta votos de solidariedade, a estrela já teria a estatueta dourada nas mãos.

No ano passado, a ruiva alta e esbelta foi abandonada por seu marido, o astro Tom Cruise, perdeu um bebê num aborto espontâneo e foi perseguida por um fã tresloucado. E transformou tudo isso em atuações de altíssimo nível e em um single de enorme sucesso gravado em dueto com o pop star britânico Robbie Williams.

"O show deve continuar", disse Kidman ao enfrentar os paparazzi no Festival de Cinema de Cannes, no ano passado, algumas semanas após o fim inesperado de sua união de dez anos com Cruise.

"Agora já posso usar salto alto", alfinetou, alguns meses mais tarde, em alusão à notória baixa estatura de seu ex-marido.

A atriz de 34 anos já recebeu um Globo de Ouro por seu papel de cortesã em "Moulin Rouge -- Amor em Vermelho", pelo qual está concorrendo ao Oscar, ganhou elogios da crítica por sua atuação em "Os Outros" e fez um trabalho forte em "Birthday Girl", ainda inédito no Brasil, no papel de noiva de aluguel russa.

Mas como os finais da vida real nem sempre são felizes, Kidman enfrenta a concorrência forte de Sissy Spacek e Halle Berry, numa das disputas mais imprevisíveis dos últimos anos.

Sem medo de mostrar as rugas

Depois de anos longe das vistas do público, Sissy Spacek, 52, deu a volta por cima com força no comovente drama doméstico "Entre Quatro Paredes".

Tão pequena e modesta quanto Kidman é alta e glamurosa, Spacek já recebeu vários prêmios pelo papel de mãe enlutada que a transformou numa das mulheres maduras mais elogiadas na indústria que é famosa por evitar as rugas do tempo em figuras femininas.

Desde meados dos anos 1980, Spacek se dedicou mais à família do que ao cinema. Ela não ganha um Oscar desde 1980, quando representou a cantora country Loretta Lynn em "O Destino Mudou Sua Vida".

Concorrência inesperada

Na semana passada, porém, a atriz Halle Berry causou muitos comentários ao passar à frente de Kidman e Spacek, recebendo o prêmio SAG (do Sindicato dos Atores) de melhor atriz por sua atuação em "A Última Ceia".

Berry, 33, cuja carreira no cinema vem avançando, faz o papel de uma mulher dominada pela dor e a ira num drama de forte teor racial que foi aclamado pela crítica, mas modesto em bilheteria.

Existe em Hollywood a expectativa de que a indústria do cinema queira rebater as críticas de que, no passado, teria ignorado atores de minorias étnicas. Para o crítico da revista Time Richard Schickel, essa percepção pode acabar beneficiando Halle Berry, que é negra.

Se isso acontecer, pode render não apenas um conto de fadas, mas um lugar para a atriz nos livros de história do Oscar.

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