EUA indiciam Fernandinho Beira-Mar e Farc por narcotráfico
da Reuters, em WashingtonO governo dos EUA anunciou hoje o indiciamento e o pedido de extradição do narcotraficante brasileiro Luis Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, pelo envio de carregamentos de drogas da Colômbia para os EUA, em conjunto com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Mais dois brasileiros _Leonardo Dias Mendonça e um outro, identificado apenas como Goiano_ e quatro colombianos, três deles guerrilheiros, foram indiciados e tiveram a extradição pedida. A lei brasileira, porém, impede a extradição de pessoas nascidas no Brasil.
Mendonça é tido pela Polícia Federal como um dos principais narcotraficantes brasileiro, a quem Beira-Mar seria subordinado. Ele está foragido.
Essa é a primeira vez que os EUA acusam e tentam levar a julgamento guerrilheiros colombianos por tráfico de drogas.
O secretário de Justiça dos EUA, John Ashcroft, e o diretor da agência norte-americana antidrogas (DEA), Asa Hutchinson, anunciaram as acusações em uma entrevista coletiva e disseram que tentarão julgar os sete homens nos EUA. As Farc são acusadas de financiar suas ações com dinheiro da venda de drogas.
O principal acusado entre os guerrilheiros colombianos é Tomás Molina Caracas, também conhecido como Negro Acácio, comandante da 16ª frente das Farc. Molina foi acusado de dar proteção no país a Fernandinho Beira-Mar, preso na Colômbia em abril do ano passado. A guerrilha era acusada de trocar cocaína por armas com Beira-Mar, atualmente preso em Brasília.
O governo dos EUA acusa Molina de coletar cocaína de outras unidades da guerrilha numa base próxima à Venezuela, de onde seria enviada à Europa e aos EUA, passando pela Venezuela e pelo Brasil. As drogas seriam trocadas com traficantes por dinheiro, armamentos e equipamentos usados em suas ações contra o Estado colombiano.
Os outros dois membros das Farc indiciados são Carlos Bolas e outro conhecido apenas como Oscar El Negro. O outro colombiano é Nelson Barrera.
"O indiciamento marca a convergência de duas prioridades máximas do Departamento da Justiça: a prevenção do terrorismo e a redução do uso de drogas ilegais", disse Ashcroft. "O indiciamento de hoje não acusa os líderes das Farc de revolucionários ou lutadores pela liberdade, mas de traficantes de drogas."
Segundo ele, os EUA pedirão à Colômbia que prendam os acusados e os extraditem aos EUA, onde poderão ser condenados a penas de prisão perpétua. "A relação entre o terrorismo e o tráfico de drogas deve servir como um alerta para todos os americanos", disse Ashcroft, acrescentando que já há evidências suficientes para condená-los.
Segundo o secretário, cidadãos americanos gastaram US$ 62,9 bilhões em drogas ilegais em 2000, sendo que metade disso foi para comprar cocaína. "Quando um dólar é gasto em drogas nos EUA, os inimigos dos EUA ganham um dólar a mais", disse.
As Farc foram classificadas pelo Departamento de Estado dos EUA como "grupo terrorista internacional". A mesma classificação foi dada ao ELN (Exército de Libertação Nacional), segundo grupo guerrilheiro do país, e às AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), principal grupo paramilitar de direita.
O governo dos EUA pretende apresentar nesta semana um projeto ao Congresso para permitir a utilização da ajuda que o país dá ao Plano Colômbia, de combate ao narcotráfico, também no combate direto às guerrilhas e aos paramilitares. Os EUA contribuem com US$ 1,3 bilhão para o Plano Colômbia.
Apesar da ajuda norte-americana, a área de cultivo de coca cresceu 24,7% no último ano, segundo a CIA (agência de inteligência dos EUA). Esse dado é contestado pelo governo colombiano, para quem houve queda de 12% no período. A Colômbia continua sendo o maior produtor de cocaína do mundo, com cerca de 580 toneladas anuais, das quais mais de 80% são destinadas ao mercado americano.
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