Reuters
19/03/2002 - 15h23

Maestro Barenboim diz que Ariel Sharon deveria renunciar

da Reuters, em Berlim

O pianista e maestro argentino Daniel Barenboim, de origem israelense, disse na terça-feira que o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, não cumpriu promessas eleitorais de trazer a paz a Israel e deveria portanto renunciar.

"Não há paz e o país nunca esteve tão inseguro quanto hoje. Ele deveria ser honesto e dizer: minha estratégia não funcionou. Tiro meu chapéu e parto", disse Barenboim ao jornal de Berlim Tageszeitung, em entrevista divulgada antes da sua publicação, na terça-feira.

Para o músico nascido na Argentina, os palestinos deveriam realizar eleições democráticas, mas uma paz duradoura poderá ocorrer apenas se houver concessões de ambos os lados do conflito.

"As colônias judaicas na Cisjordânia devem ser removidas", acrescentou ele.

Na semana passada, Barenboim disse que planejava realizar um concerto na cidade de Ramallah, Cisjordânia, o mais breve possível, apesar de o Exército israelense ter proibido um recital na cidade este mês, dizendo que não poderia garantir sua segurança.

O maestro da Ópera de Berlim disse que quer montar um concerto para construir laços entre israelenses e palestinos, depois de mais de 17 meses de Intifada (revolta palestina).

Barenboim, 59, irritou no ano passado os sobreviventes do Holocausto ao reger em Israel um obra do compositor favorito de Hitler, Richard Wagner, que foi acusado de anti-semitismo.

O músico defendeu Wagner na entrevista a um jornal, dizendo que ele "não pode ser considerado responsável por Auschwitz" e que o tabu do compositor alemão do século 19 em Israel é "sintomático do tratamento a questões não-judaicas em geral".

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