Reuters
12/05/2001 - 14h49

UE descarta punir Berlusconi por aliança com extrema direita

da Reuters, em Bruxelas

A UE (União Européia) não irá baixar contra a Itália sanções semelhantes à impostas à Áustria caso o empresário Silvio Berlusconi vença as eleições de domingo aliado à Liga Norte, organização de extrema direita acusada de defender idéias fascistas.

Os analistas que fizeram a afirmação acima ressaltam, porém, que o governo italiano será vigiado de perto.

O presidente da Comissão Européia (o Executivo da UE), Romano Prodi, ex-primeiro-ministro da Itália, disse na quarta-feira (9) que a organização daria apoio a qualquer bloco político que vencesse as eleições italianas.

Mas os governos europeus irão observar para ver se a coalizão de centro-direita de Berlusconi, Casa delle Libertà, rompe com a tradição da Itália de se mostrar um "bom país europeu".

Os governos do continente aprenderam a lição sobre a ineficiência das sanções, impostas contra a Áustria no ano passado devido à posse de um governo do qual participa o Partido da Liberdade, de extrema direita e acusado de racista.

Vacinados, os países da UE não se dispõem mais a interferir em questões internas de seus membros antes que problemas concretos surjam, afirmaram comentaristas.

"Depois dos problemas criados pela UE para si mesma com Joerg Haider (líder do Partido da Liberdade), fica claro que o bloco será muito, muito mais cuidadoso", disse Peter Ludlow, diretor do Centro Europeu de Estudo Políticos, um grupo de pesquisa com base em Bruxelas, Bélgica.

"A UE nunca mais irá julgar um governo antes que ele tenha tido a chance de dar mostras do que será."

A possibilidade de que sanções sejam impostas contra a Itália foi levantada em março, quando o ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Louis Michel, chamou a Liga Norte, liderada por Umberto Bossi, de uma organização de extrema direita que defendia idéias fascistas.

O principal adversário de Berlusconi, o candidato de centro-esquerda Francesco Rutelli, tentou obter ganhos políticos com a declaração do chanceler belga, advertindo os eleitores que, caso a direita vencesse, a Itália seria expulsa da Europa.

Mas autoridades do bloco econômico disseram que um governo liderado por Berlusconi não enfrentaria nenhum tipo de sanção como as impostas contra a Áustria.
 

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