Reuters
22/03/2002 - 21h53

"Mano" estréia em São Paulo e convida público a interagir

da Reuters, em São Paulo

Entrou em cartaz no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo, o espetáculo "Mano", dirigido por Naum Alves de Souza, que adaptou para a peça infanto-juvenil a série de livros "Mano Descobre...", de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto. Nos quatro volumes, os autores falam sobre amor, liberdade, solidariedade e diferença.

Em um cenário tipicamente paulistano, um adolescente de classe média chamado Mano e sua família passam por situações muito comuns da vida contemporânea. Pais separados, um irmão mais velho problemático, um avô que viveu os conflitos da ditadura e a empregada - um dos destaques cômicos da peça - compõem o quadro de personagens da história.

No retrato da modernidade, o garoto conhece alguém de sua idade numa sala de bate-papo na internet, o Chatter, com quem passa a ter uma forte amizade. Seu irmão tem um amigo rico e mimado e acaba se envolvendo com drogas. A vizinha, uma garota mais velha, quer fazer uma cidade em miniatura com material encontrado no lixo.

"A peça, que é uma recriação do livro, discute as relações e os conflitos contemporâneos, como por exemplo a questão da droga e da sexualidade", explicou Gilberto Dimenstein.

No elenco, estão Eucir de Souza, Mila Moreira (que interpreta a empregada Shirley), Guilherme Rosa, Fernando Paz e Vera Villela. A trilha musical é de Sérgio Bizetti, que trabalhou com os estilos que os adolescentes mais ouvem, como o hip hop e a música eletrônica. Para mostrar as conversas virtuais do protagonista foram utilizados recursos de vídeo.

Apesar de os atores que interpretam os adolescentes não serem tão jovens, a peça tem passagens convincentes e engraçadas, como quando o garoto faz uma encenação escolar do livro "Cândido", de Voltaire. A mãe psicóloga estereotipada tem momentos divertidos tentando ter "papos-cabeça" com os filhos.

"A idéia inicial era trabalhar a questão da violência para uma idade menor", disse Dimenstein, que fez uma extensa pesquisa pedagógica sobre adolescentes. Daí surgiu, há dois anos, o trabalho "a quatro mãos" com a escritora Heloísa Prieto, que escreve livros infanto-juvenis há quase vinte anos.

O jornalista e escritor é também presidente do projeto educacional Cidade Escola Aprendiz, uma organização não governamental. Entre diversos projetos pedagógicos, abriu espaço para que crianças e adolescentes produzam e pintem azulejos e lajotas para embelezar pontos degradados da cidade. É possível ver esses murais em lugares como a Vila Madalena e a avenida Paulista.

Na entrada do teatro, foi montado um ateliê onde o público pode pintar azulejos, que serão depois colocados em outros pontos da capital paulista, numa parceria com o projeto Aprendiz. De acordo com Dimenstein "a intenção é que seja não apenas uma peça, e sim uma intervenção pedagógica".

O objetivo dos autores e do diretor é que o espetáculo atinja toda a família e que possa introduzir o diálogo e a discussão dos problemas comuns da adolescência. "Queríamos fazer um projeto educativo completo, no qual houvesse o livro, a peça e o trabalho interativo, não só dentro da sala de aula", afirmou Dimenstein.

"Mano" fica em cartaz até dia 30 de junho, com apresentações para escolas de quarta a sexta-feira e para o público em geral, aos sábados e domingos, sempre às 15h. A atividade com os azulejos acontece depois do espetáculo. A entrada é franca.
 

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