Reuters
25/03/2002 - 12h50

Ação da Otan em Kosovo deixou legado mortal, diz relatório

da Reuters, em Londres

A campanha militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Província iugoslava de Kosovo, realizada há três anos, deixou um legado de bombas não-detonadas que já matou 58 pessoas, afirmou um relatório divulgado hoje.

O grupo Landmine Action, que reúne mais de 50 entidades de caridade, disse que outras 97 pessoas foram feridas por artefatos explosivos não-detonados (UXO), como bombas, morteiros e foguetes, em Kosovo entre junho de 1999 e maio de 2001. Dois terços das vítimas foram crianças.

Os aviões da Otan realizaram uma campanha de bombardeio em Kosovo durante 78 dias em 1999 a fim de expulsar da região as forças sérvias que realizavam uma operação de repressão contra a população de origem albanesa.

A Iugoslávia era então dirigida pelo presidente Slobodan Milosevic, atualmente sob julgamento por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na Croácia, na Bósnia e em Kosovo.

Ao defender-se, o ex-presidente disse que os dirigentes da Otan deveriam ser punidos por terem matado civis durante os bombardeios realizados principalmente pelos EUA, Itália, França, Reino Unido e Canadá.

Segundo o Landmine Action, os UXOs matavam muitos mais inocentes do que as minas terrestres, e os países que usaram aquele tipo de arma não tinham a obrigação legal de recolher os artefatos não-detonados como acontece com as minas.

No Camboja, segundo o grupo, 397 pessoas foram mortas ou feridas nos 12 meses que antecederam agosto de 2001 em virtude de bombas jogadas durante a guerra civil entre o governo e o Khmer Vermelho ou por aviões dos EUA durante a Guerra do Vietnã.

"Os UXOs são um legado mortal esquecido de toda guerra. Milhares de pessoas vêem-se sob constante ameaça enquanto vivem seu dia-a-dia", afirmou o grupo.

Leia mais no especial Bálcãs
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca