Ação da Otan em Kosovo deixou legado mortal, diz relatório
da Reuters, em LondresA campanha militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Província iugoslava de Kosovo, realizada há três anos, deixou um legado de bombas não-detonadas que já matou 58 pessoas, afirmou um relatório divulgado hoje.
O grupo Landmine Action, que reúne mais de 50 entidades de caridade, disse que outras 97 pessoas foram feridas por artefatos explosivos não-detonados (UXO), como bombas, morteiros e foguetes, em Kosovo entre junho de 1999 e maio de 2001. Dois terços das vítimas foram crianças.
Os aviões da Otan realizaram uma campanha de bombardeio em Kosovo durante 78 dias em 1999 a fim de expulsar da região as forças sérvias que realizavam uma operação de repressão contra a população de origem albanesa.
A Iugoslávia era então dirigida pelo presidente Slobodan Milosevic, atualmente sob julgamento por crimes de guerra e contra a humanidade cometidos na Croácia, na Bósnia e em Kosovo.
Ao defender-se, o ex-presidente disse que os dirigentes da Otan deveriam ser punidos por terem matado civis durante os bombardeios realizados principalmente pelos EUA, Itália, França, Reino Unido e Canadá.
Segundo o Landmine Action, os UXOs matavam muitos mais inocentes do que as minas terrestres, e os países que usaram aquele tipo de arma não tinham a obrigação legal de recolher os artefatos não-detonados como acontece com as minas.
No Camboja, segundo o grupo, 397 pessoas foram mortas ou feridas nos 12 meses que antecederam agosto de 2001 em virtude de bombas jogadas durante a guerra civil entre o governo e o Khmer Vermelho ou por aviões dos EUA durante a Guerra do Vietnã.
"Os UXOs são um legado mortal esquecido de toda guerra. Milhares de pessoas vêem-se sob constante ameaça enquanto vivem seu dia-a-dia", afirmou o grupo.
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