Reuters
13/05/2001 - 17h26

Reino Unido vive "boom" de jornalismo sensacionalista pago

da Reuters, em Londres

Os tablóides britânicos travam uma briga de foice para conquistar o eleitorado do país, e o The Sun parece ter conseguido o furo do ano ao pagar a volta de Ronald Biggs do Brasil para a Reino Unido, 35 anos depois de o assaltante de trem ter fugido de uma prisão.

É assim que o jornalismo feito com o talão de cheques encontra terreno fértil nesse país de 60 milhões de habitantes, no qual se publicam sete grandes jornais diários.

"Há uma imensa competição entre os jornais e há muito em jogo. Pode não ser um fato muito agradável, mas teremos de nos acostumar com essa prática (de os jornais pagarem para terem matérias exclusivas)", afirmou Philippa Kennedy, ex-repórter de tablóide e hoje no comando da Press Gazette, uma revista semanal.

Ex-funcionários insatisfeitos ou amantes abandonados de pessoas famosas podem ganhar milhares de dólares contando suas histórias.

E, se a fonte for uma mulher atraente que concorda com aparecer em roupas sumárias nas páginas da matéria, então o pagamento pode ser ainda maior.

Um gari profissional, que ficou conhecido como Benjy the Binman, descobriu que poderia faturar alto vasculhando o lixo de pessoas famosas e ricas para depois vencer suas "descobertas" aos jornais. Entre seus achados, encontra-se uma carta descrevendo os hábitos excêntricos do cantor Elton John.

"Mandavam-nos conseguir o que houvesse de mais sujo. E, se não conseguíssemos, podíamos tomar certas liberdades com os fatos. Sexo, especialmente se há pessoas famosos envolvidas, vende muito", disse um ex-repórter de um tablóide que não quis ter sua identidade divulgada.

A corrida por conseguir fotos de celebridades casando ou de seus bebês recém-nascidos leva os preços dessas imagens à casa das centenas de milhares de dólares. E isso, em grande parte, devido ao aparecimento de revistas de fofoca como a Hello e a OK.

"Esse tipo de jornalismo vem se expandindo, sem dúvida nenhuma. Os jornais acabam publicando escândalos que não precisavam sair em suas páginas. O processo desencoraja a realização de verdadeiras reportagens", afirmou o advogado Paul Gilbert.
 

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