Reuters
04/04/2002 - 18h19

Presidente iugoslavo quer lei antes de enviar acusados para Haia

da Reuters, em Belgrado

O presidente iugoslavo, Vojislav Kostunica, disse hoje que a Iugoslávia não pode entregar suspeitos de crimes de guerra para o Tribunal Penal Internacional de Haia antes de aprovar uma lei especial sobre estas transferências, apesar da pressão dos EUA para que os deslocamentos ocorram imediatamente.

"Eu não quero especular sobre as extradições porque eu não gostaria de vê-las antes da aprovação da lei", Kostunica em Belgrado.

No entanto, o presidente afirmou acreditar que a lei possa ser aprovada até a próxima quarta-feira (11), abrindo caminho para que os suspeitos acusados de atrocidades nas guerras dos Bálcãs, na década de 1990, sejam entregues ao tribunal de crimes de guerra da ONU (Organização das Nações Unidas) em Haia, na Holanda.

"Eu acho que chegou o momento de se fazer um avanço em termos legais", disse Kostunica. "Quando tivermos esta lei, haverá um grande suspiro de alívio."

Belgrado está vivendo uma crise política desde domingo (31), quando não conseguiu cumprir o prazo imposto pelo Congresso dos Estados Unidos para transferir os suspeitos ao tribunal. Como resultado, a ajuda de Washington, de cerca de US$ 40 milhões, foi automaticamente congelada.

O primeiro-ministro da Sérvia - maior república da Iugoslávia -, Zoran Djindjic, deixou claro que está pronto para autorizar as transferências sem a lei, mas ele quer o apoio de Kostunica, seu principal rival no bloco reformista DOS.

Muitos sérvios acham o tribunal de crimes de guerra parcial e as transferências de suspeitos são assunto delicados politicamente. Kostunica, um professor de Direito e autoproclamado nacionalista sérvio moderado, é um crítico feroz da corte.

A aprovação ou não da lei depende amplamente nos parceiros do DOS em esfera federal - o Partido Popular Socialista (SNP) de Montenegro, a menor das repúblicas iugoslavas.

Os ministros do partido apoiaram a decisão do governo iugoslavo esta semana, de cooperação total com a corte. Mas o SNP tem se mantido contrário às transferências ao tribunal até agora e os líderes do partido insistem que esta ainda é sua posição.

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