Reuters
09/04/2002 - 22h26

Atividade celular ajuda a definir tratamento de câncer

da Reuters, em San Francisco

Uma nova tecnologia molecular está permitindo que os médicos determinem rapidamente se o câncer de um paciente pode responder bem à terapia química ou se outra forma de tratamento é necessária.

"Estamos vendo formas de determinar quem deve receber uma terapia de primeira linha e quem deve ser submetido a outros tratamentos, sem perder tempo com algo que não funciona", disse William Evans, diretor farmacêutico do Hospital St. Jude, em Memphis (EUA).

O estudo foi apresentado no encontro da Associação Americana de Pesquisa de Câncer, em San Francisco.

Atualmente, a decisão sobre o tipo de terapia a ser adotada é baseada em grande parte nos tipos de tumor e grupos populacionais. No entanto, pesquisadores acreditam que nos próximos anos os tratamentos vão se tornar muito mais individualizados e, consequentemente, mais eficazes.

"Se os estudos preliminares forem confirmados, poderemos selecionar pacientes imediatamente para que recebam remédios específicos com base na atividade protéica", disse Emanuel Petricoin, co-diretor de uma parceria entre a Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana reguladora de drogas e alimentos, e o Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos.

Pela primeira vez, a FDA e o instituto estão usando um novo método, chamado proteômica, para monitorar o tratamento do câncer. Essa é a ciência de análise de proteínas produzidas por células que, instruídas pelos genes, controlam toda a atividade biológica.

A tecnologia, que utiliza microchips de última geração desenvolvidos para analisar simultaneamente centenas de proteínas de uma minúscula amostra de tecido, permite que os médicos mudem os tratamentos - ou até combinem drogas - em pacientes cujos tumores pararam de responder a uma terapia, disse o pesquisador.

As mutações genéticas que fazem com que as células produzam proteínas anormais são a causa básica da maioria dos casos de câncer. Alguns remédios já foram desenvolvidos para ter como alvo essas "vias" nas células cancerosas, interrompendo a atividade que faz com que os tumores cresçam ou adicionando uma proteína necessária para que uma célula cancerosa morra.

O Glivec, fabricado pela Novartis, é uma desses medicamentos. Além disso, drogas experimentais, como Iressa, da Astrazeneca, e Erbitux, da Imclone, atuam bloqueando vias associadas ao crescimento tumoral. Outras, como Herceptin, da Genentech, são eficazes apenas contra tumores que produzem um tipo específico de proteína.

A pesquisa de Petricoin envolve pacientes com câncer de mama e ovário que foram inicialmente tratadas com Herceptin e que um mês depois receberam Taxol, um remédio contra câncer fabricada pela Bristol-Myers Squibb.

Entre as 20 pacientes analisadas até agora, aquelas que responderam bem ao Herceptin apresentam baixos níveis de uma proteína chamada Akt, que está envolvida na supressão da morte celular natural das células cancerosas. Nas pacientes que não responderam, o Herceptin não surtiu efeito na Akt.

"Acreditamos que, nas pacientes que responderam bem, o Herceptin está reduzindo a ativação da Akt, que elimina a reação que avisa às células cancerosas para sobreviverem", disse Petricoin.

"Quando as pacientes recebem o Taxol, o remédio faz as células entrarem em apoptose (morte celular programada). Mas nas pacientes que não respondem, as células cancerosas recusam morrer mesmo quando recebem Taxol", explicou.
 

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