Reuters
10/04/2002 - 11h45

Bush lidera esforço para proibir pesquisa com clonagem nos EUA

da Reuters, em Washington

Aqueles que se opõem à pesquisa com clonagem começaram nesta semana a pressionar pela proibição de todas as formas de clonagem humana. O banimento compreenderia os experimentos destinados a ajudar os pacientes a produzir os próprios órgãos e tecidos que seriam utilizados para transplante.

No discurso que fará na Casa Branca hoje, o presidente George W. Bush deve pedir ao Senado que aprove um projeto de lei que proíbe todas as pesquisas com clonagem humana.

A clonagem é um dos assuntos que o líder da maioria no Senado, Tom Daschle, quer discutir até o final de maio.

A Câmara dos Deputados já aprovou uma ampla proibição da clonagem humana, que incluiu a chamada clonagem terapêutica. Essa técnica envolve a produção de um embrião a partir de células do próprio paciente. Quando o embrião atinge um estágio bastante inicial de desenvolvimento, ele é usado como fonte de células-tronco.

As células-tronco embriônicas podem originar qualquer tipo de tecido. Os cientistas afirmam que, por pertencerem ao próprio paciente, elas poderiam ser transplantadas sem o uso de drogas imunossupressoras.

De acordo com alguns pesquisadores, essas células poderiam ser usadas para tratar várias doenças, como Alzheimer e diabete juvenil, e o embrião nunca seria destinado ao útero de uma mulher.

Para os opositores, destruir um embrião humano é errado, independente do grau de desenvolvimento dele e do motivo que levou a essa atitude. Eles argumentam ainda que a ciência tem à disposição outras possibilidades, como o uso de células-tronco adultas, que podem ser encontradas nos tecidos do paciente e que poderiam ser cultivadas de forma a originar vários tecidos diferentes, conforme sugerem alguns estudos.

Muitos especialistas dizem, no entanto, que é muito cedo para saber qual abordagem funcionaria melhor e, por esse motivo, defendem a manutenção de todas as possibilidades.

Debate
O projeto de lei proposto pelo senador republicano do Kansas, Sam Brownback, e pela senadora democrata de Louisiana, Mary Landrieu, proibiria todas as formas de clonagem humana.

A medida também impediria a importação de tecnologia desenvolvida fora dos Estados Unidos que envolvesse a clonagem humana. Isso significa que avanços médicos realizados, por exemplo, no Reino Unido, onde a clonagem é legal, não poderiam ser usados pelos norte-americanos.

A proposta da senadora democrata da Califórnia, Dianne Feinstein, proíbe a clonagem reprodutiva, destinada a criar um bebê clonado. Ela permite, porém, a continuidade das pesquisas sobre clonagem terapêutica.

Liberais democratas, como Ted Kennedy, de Massachusetts, apóiam a proposta de Feinstein, enquanto grupos ambientalistas, como o Friends of Earth (Amigos da Terra), se juntam a conservadores, como o republicano do Tennessee, Bill Frist, para sustentar a proibição de Brownback.

Frist, que é um cirurgião especializado em transplantes, disse estar trabalhando para informar aos colegas do Senado as questões éticas e científicas envolvidas.

"É preocupante", disse Michael Manganiello, presidente da Coalizão para o Avanço da Pesquisa Médica e porta-voz da Christopher Reeve Paralysis Foundation. "Estão falando em prender médicos."

A Fundação Nacional pelo Direito à Vida e o grupo de Manganiello patrocinaram campanhas publicitárias em Estados com senadores considerados indecisos, como Daschle, democrata de Dakota do Sul, e Zell Miller, democrata da Geórgia.
 

FolhaShop

Digite produto
ou marca