Reuters
15/04/2002 - 16h04

Cientistas do genoma humano condenam clonagem reprodutiva

da Reuters, em Xangai

Cientistas da Organização Genoma Humano (Hugo) condenaram hoje os planos de clonagem humana para fins reprodutivos, dizendo que isso aumenta a preocupação com os aspectos morais da técnica e argumentando que a tecnologia ainda é imatura e seus efeitos colaterais são desconhecidos.

A clonagem de embriões humanos, como foi proposta pelos criadores da ovelha Dolly, do Instituto Roslin, no Reino Unido, é um passo perigoso para a clonagem reprodutiva, que deveria ser proibida, afirmaram os cientistas da Hugo, durante seu encontro anual em Xangai (China).

"Não acho que deveríamos brincar com seres humanos, nem com a idéia de clonagem humana", disse a presidente do comitê de ética da Hugo, Bartha-Maria Knoppers. "Cientificamente, foram necessárias 400 tentativas para se produzir a ovelha Dolly."

No início deste mês, a imprensa internacional afirmou que o especialista italiano em fertilidade Severino Antinori conseguiu implantar com sucesso um clone humano em uma mulher.

"Em primeiro lugar, o aspecto ético está longe de ser resolvido, e em segundo, a própria tecnologia é imatura", disse o vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências Sociais e integrante da Hugo Zhun Chen.

Riscos
Alguns pesquisadores disseram que, se uma mulher estiver grávida de um clone, ela teria mais chances de desenvolver um tipo raro de câncer de útero, e o bebê também poderia correr riscos.

O Instituto Roslin, que chamou a atenção de todo o mundo em 1996 com a clonagem de Dolly, anunciou na quinta-feira (11) que tentaria conseguir uma licença do governo britânico para realizar experimentos com embriões humanos.

A clonagem reprodutiva é ilegal em muitos países, incluindo o Reino Unido, e a clonagem de embriões humanos para pesquisa deve ser permitida sob condições estritas.

Os defensores da técnica alegam que as células extraídas de embriões dentro de duas semanas após a fertilização podem ser potencialmente úteis para a descoberta da cura de doenças como Parkinson e Alzheimer. Mas os críticos dizem que as células-tronco de adultos poderiam oferecer resultados similares.

"O uso da tecnologia de transferência nuclear com o objetivo de desenvolver células-tronco para doenças debilitantes, como Alzheimer e Parkinson, entretanto, é um fenômeno completamente diferente", disse a cientista Mary-Claire King.
 

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