Reuters
15/04/2002 - 17h45

Indústria da defesa dos EUA tem raízes no Vale do Silício

da Reuters, em Palo Alto (EUA)

Quando do Estados Unidos entraram em guerra, o Vale do Silício se mobilizou. Companhias de alta tecnologia que comercializam bens ao consumidor adaptaram seus produtos para novos usos em armas, tanques, aparelhos de controle remoto e sistemas de telefonia por microondas.

Não se trata da história da guerra do Afeganistão nem da Guerra do Golfo —que usou a alta tecnologia em bombas inteligentes de precisão que apareceram na televisão atingindo alvos—, mas do que aconteceu no início da Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.

O Vale do Silício era uma região de pomares de abricós na época, e não de escritórios. Naquele tempo, componentes básicos de eletrodomésticos da atualidade, como rádios e televisores, eram considerados a "tecnologia de ponta".

Mas a economia de guerra abriu novos mercados para algumas companhias novas como a Hewlett-Packard.

A HP forneceu seus primeiros sistemas osciladores para a Walt Disney, que os utilizou no desenho animado "Fantasia". Logo depois a empresa recebeu uma encomenda do Departamento de Defesa, que usou os osciladores em radares militares.

Uma década depois, a Lockheed Aircraft comprou um terreno de 275 acres no Vale do Silício, onde montou sua Divisão de Sistemas de Mísseis, da companhia hoje chamada Lockheed Martin.

No livro "Beyond the Horizons: The Lockheed Story" ("Além dos Horizontes: A História da Lockheed"), Walter Boyne descreve como a empresa projetou as aeronaves de alta altitude e velocidade com laboratórios que recriavam as condições atmosféricas na qual os aviões operam.

Hoje, as necessidades de Defesa não devem gerar a revolução que provocaram na época, mas com a recessão, é ótimo poder contar com um cliente fiel.

O vice-presidente do Estados Unidos, Dick Cheney, visitou o Vale do Silício este ano e reafirmou essa postura, falando sobre as necessidades militares por tecnologia da informação.

"Mas o governo tem reputação de ser lento em abraçar novas tecnologias", disse Ray Bjorklund, vice-presidente da consultoria Washington Federal Sources. Segundo ele, os gastos do governo em Defesa são confidenciais, mas a melhor maneira de medi-los é avaliar a categoria "comando, controle, comunicações, computadores, inteligência, vigilância e reconhecimento", ou C4ISR.

"Creio que estamos presenciando um aumento em gastos de C4ISR", disse Bjorklund. "Mas depende de muito trabalho duro para as empresas, de muitas caminhadas pelos corredores do Pentágono", acrescentou.
 

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