Reuters
16/04/2002 - 09h23

MAM-SP ganha inventário e livro de obras contemporâneas

da Reuters, em São Paulo

Apesar de levar o modernismo no nome, o Museu de Arte Moderna de São Paulo tem uma das maiores coleções de arte contemporânea nacional. Tal acervo, que começou a ser constituído em meados de 1967, ganhará em maio duas obras inéditas na história do museu: o catálogo "Inventário" e o livro "Alegoria", ambos produzidos por Tadeu Chiarelli, curador do MAM-SP no período de 1996 a 2000.

O "Inventário" (Ed. Lemos, 416 pgs), primeiro catálogo geral do MAM-SP, abrange todas as obras adquiridas e doadas à instituição até o final de 2000, o que soma 3.300 trabalhos na sua maioria brasileiros. Todos estão representados com uma foto pequena e ficha técnica completa, organizados por ordem alfabética dos nomes dos artistas.

"Obviamente o livro vai se espalhar pelo mundo inteiro, sendo possível a qualquer estudante ou pesquisador saber com facilidade o que o museu possui de determinados artistas", disse Chiarelli, crítico de arte e professor, em entrevista exclusiva à Reuters recentemente.

Ele contou que o projeto começou a ser realizado em 1999, quando foi feita a recatalogação do acervo do museu. "Medir obra por obra, fotografar cada uma...Foi todo um trabalho silencioso de muita gente e que não podia ser feito de um dia para o outro", afirmou o professor, explicando a demora de três anos para a finalização do inventário.

O catálogo possui apenas dois textos curtos de apresentação, um de Chiarelli e outro da presidente do museu, Milú Villela. Segundo o ex-curador, trata-se de um calhamaço de pura informação, para servir de material de trabalho e arquivo.

Já o livro "Alegoria" (Ed.Lemos, 316 págs) - que será lançado juntamente com o "Inventário" no começo de maio -- possui, além de um texto crítico, a seleção de 300 obras que Chiarelli fez da coleção do MAM a partir da sua "lógica particular".

"Às vezes pode ficar difícil juntar uma escultura de três metros com um desenho de 10 centímetros. Mas quando tudo isso está fotografado dá para estabelecer outras relações que você nunca faria se trabalhasse com as obras no real", explicou o ex-curador.

Com esse 'filtro fotográfico", o livro reúne, em uma única linguagem, artistas das mais variadas formações, através de analogias por tema e forma, ou ainda por contrastes.

O grande objetivo da gestão de Chiarelli era o de resgatar o acervo existente, ampliá-lo e divulgá-lo. Desse modo, a idéia do catálogo sempre esteve presente.

"Nesse período de 1996 a 2000, eu, minha equipe e a presidente Milú centramos todos os esforços não só em grandes exposições, mas sobretudo na restauração das obras existentes, ampliação e divulgação", explicou Chiarelli, contando que cerca de mil trabalhos entraram no museu durante esse período.

Tal preocupação, natural a qualquer museu, intensifica-se no MAM-SP, uma vez que a instituição viu todo o seu acervo original "desaparecer" em 1963, quando o empresário fundador Ciccilio Matarazzo decidiu transferir a coleção para a Universidade de São Paulo, passando a se dedicar a outros projetos.

Inexistente fisicamente, o MAM ressurgiu das cinzas por volta de 1967 e em 1969 inaugurou a mostra Panorama, principal fonte de novas aquisições desde então, responsável pela presença no acervo de nomes como Volpi, Amilcar de Castro, Nelson Leirner e José Resende.

 

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