Reuters
16/04/2002 - 17h51

Opositores de Chávez rejeitam diálogo e pedem eleição antecipada

da Reuters, em Caracas

A fraca mas não totalmente aniquilada oposição ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, expressou hoje seu ceticismo frente a um chamado do governo para um diálogo.

Alguns grupos lançaram a proposta para que se convocasse eleições antecipadas com o objetivo de tirar o líder de esquerda do poder. Outros querem um referendo nacional o mais cedo possível, que decidiria se Chávez deve ou não renunciar.

O tenente-coronel reformado, que retomou seu cargo no domingo após frustrar um golpe de Estado que o tirou de cena por 48 horas, pediu reflexão e diálogo, assegurando estar disposto a rever alguns erros que cometeu durante seus três anos no poder.

Mas, como não é a primeira vez que faz isso, segundo seus opositores, a mensagem pareceu não ter credibilidade alguma.

"A única possibilidade (...) de que possa haver alguma revisão é sentar e conversar com o governo e ver como criar o espaço, as regras do jogo (...) para convocar novas eleições", disse o deputado Julio Borges, do partido opositor Primero Justicia.

Por outro lado, é preciso propor uma emenda constitucional à Assembléia Nacional para que "possamos diminuir o mandato [presidencial] e optar neste momento por eleições antecipadas", acrescentou o deputado em uma entrevista à rádio Unión.

A Carta Magna, proposta pelo governante e referendada em 1999, estendeu de cinco para seis anos o mandato presidencial e permitiu a reeleição imediata. Chávez foi eleito em 1998.

O ministro da Defesa, José Vicente Rangel, caracterizou como "ridículas" as propostas de convocar eleições adiantadas.

"O Médico e o Monstro"

Outros opositores foram mais irônicos. "Chávez é como o Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Não acredito em nada do que ele fala", disse o ex-aliado e hoje ferrenho opositor do presidente Pablo Medina. Em entrevista ao jornal El Nacional, o político fez referência à mudança súbita de personalidade de Chávez, comparado-a à do protagonista do romance "O Médico e o Monstro", de R.L. Stevenson.

Para o analista Luis Vicente León, Chávez está pressionado por setores na Força Armada Nacional e pela profunda crise social, política e econômica que toma conta do país.

Apesar de o presidente ter dito que regressou sem disposição para revanches e sem intenção de fazer represálias, há setores que temem o contrário.

Hoje, o governo da Bolívia afirmou que tem como "hóspedes" dez venezuelanos que pediram asilo ao país. Eles são alguns militares que antes do golpe haviam pedido demissão a Chávez.

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