Reuters
16/04/2002 - 18h19

Juiz paraguaio pede extradição de Stroessner

da Reuters, em Assunção

Um juiz paraguaio ordenou a captura e a extradição do ex-ditador Alfredo Stroessner, que está no Brasil, pela morte de uma mulher em 1979, informaram hoje ativistas de direitos humanos.

"Vim apresentar à embaixada brasileira a ordem de captura e extradição lavrada pelo juiz [Carlos] Escobar contra Alfredo Stroessner e solicitar que este país irmão retire o benefício de asilo político para que seja julgado", disse o militante Martín Almada.

Almada, um dos ativistas mais famosos do Paraguai, ficou viúvo em 1979, quando sua esposa, Celestina Pérez, morreu de infarto após ter sido ameaçada pela polícia política de Stroessner.

"Durante 10 dias consecutivos ela recebeu chamadas telefônicas da câmara de torturas. Tinha de escutar meus gritos enquanto eu era torturado", disse ele.

"Ela morreu quando um agente entregou uma camisa minha ensanguentada, junto com uma enorme agulha de sapateiro com a qual supostamente haviam me matado, e lhe disseram para ir retirar meu cadáver", completou.

Almada e sua esposa eram dirigentes sindicais de um grêmio de professores.

O juiz Escobar já havia ditado outra ordem de extradição contra Stroessner em junho, pelo sequestro e assassinato de duas pessoas em 1976.

Stroessner, de 89 anos, governou o Paraguai entre 1954 e 1989, quando foi derrotado por um golpe de Estado.

Organismos de direitos humanos atribuem ao ex-ditador a culpa por 900 assassinatos e desaparecimentos, além de milhares de casos de tortura.

Desde que deixou o governo, Stroessner vive no Brasil, e o país se recusa a cancelar seu asilo político.
 

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