Reuters
18/04/2002 - 14h33

Carmona nega ser golpista e pede desculpas por erros

da Reuters, em Caracas

Pedro Carmona, que foi presidente da Venezuela por um dia, disse hoje que não é golpista, fantoche ou traidor da democracia, e sente pelos seus erros durante a retirada de Hugo Chávez do poder.

Carmona, que tomou posse na última sexta-feira (12), após a saída de Chávez em razão de um golpe militar, afirmou em carta aberta que não tem ambições políticas e que não foi usado como títere de um plano premeditado.

"Hoje tenho de provar o gosto da amargura de uma derrota que frustrou muitas esperanças", disse Carmona, que está em prisão domiciliar, à espera de possíveis acusações de rebelião.

"É fácil chutar um homem quando ele está em baixa", disse Carmona na carta.

Chávez prometeu que não fará uma caça às bruxas dos líderes do golpe.

Carmona, que até assumir a presidência era o líder da associação comercial Fedecámaras, viu sua posição balançar depois de dissolver o Congresso e demitir juízes da Suprema Corte.

Ele teve de deixar o cargo no sábado, e Chávez foi reconduzido à Presidência.

``Não sou um golpista, eu não conspirei, não vou conspirar nem traí meus profundos princípios democráticos...Ninguém me manipula.''

``Eu nunca tive ambições políticas...Sou economista e empresário e, se obtive reconhecimento nacional e internacional com uma folha limpa e de sucessos, um episódio no qual fatores de extrema complexidade histórica não permitirá danos à imagem de uma pessoa que deu sua vida a serviço do país e para a defesa da liberdade'', disse Carmona.

``Eu assumo meus erros com coragem e, se falhei em alguma coisa, peço desculpas ao país pelas consequências.''

Carmona foi um importante organizador dos protestos de rua da oposição a Chávez e da greve geral de três dias.

Mais de 60 pessoas morreram durante o convulsivo fim de semana em que Chávez foi tirado e reconduzido à presidência. Apesar disso, Carmona disse que se os eventos levarem a uma mudança real na Venezula, quarto maior produtor de petróleo do mundo, "teremos vencido".

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