Reuters
19/04/2002 - 12h22

Após 7 anos, Pato Fu volta ao Abril Pro Rock como grande atração

da Reuters, em São Paulo

A voz delicada de Fernanda Takai, combinada com uma criatividade e uma musicalidade pouco vistas no rock brasileiro atual, fazem com que o Pato Fu ressurja no Abril Pro Rock não mais na condição de banda independente, e sim como um dos grandes nomes do festival.

Sete anos depois de estrear no evento, em 1995, o grupo mineiro conquistou um status invejável: contrato com grande gravadora, videoclipes premiados, discos de sucesso e o privilégio de constar do ranking da revista Time das 10 melhores bandas de rock fora dos Estados Unidos.

Apesar de ser um fenômeno, a simplicidade e a humildade continuam sendo características do Pato Fu. E Fernanda Takai jura de pés juntos que o sucesso não lhe subiu, nem lhe subirá, à cabeça.

"Esse definitivamente não é o nosso estilo", afirmou a vocalista e guitarrista em entrevista recente. "Mas dá um orgulho danado entrar numa lista ao lado de nomes como Radiohead, Aterciopelados, U2 e Portishead, cantando em português."

"Toda a nossa vida como banda andou pouco a pouco...Mandamos por nossa conta algum material para outros países e sabemos que temos sido muito executados em lugares como México e Itália. Mas ainda não fizemos nenhum plano de ataque mundial", acrescentou Takai sobre uma possível investida no exterior.

Fernanda garante que o dia-a-dia do Pato Fu continua sendo o mesmo de dez anos atrás, quando o grupo nasceu em Belo Horizonte.

"Quando estivemos no Abril Pro Rock pela primeira vez, lançávamos o segundo disco e deixávamos a Cogumelo, uma pequena gravadora mineira", contou a vocalista.

"Estamos numa grande gravadora agora, mas nem por isso trabalhamos diferente. Aliás, estar numa grande gravadora ajuda em termos de logística, mas, no nosso caso, não muda a natureza das pessoas."

Takai, que foi bem-sucedida na missão de enfrentar cerca de 200 mil pessoas no último Rock in Rio, acha que o fato de o Abril Pro Rock ter cada vez mais atrações de peso, em lugar de bandas pouco famosas ou iniciantes, não altera a essência do festival (cujo público é quatro vezes inferior ao do evento carioca).

"Realmente acredito que a qualidade musical dos artistas não tem ligação direta com ser ou não independente. O que conta é como as carreiras são construídas e nesse caso o Abril Pro Rock continua cumprindo o seu papel. É uma vitrine enorme de boas idéias, de gente grande, pequena, de lá e de cá."

Pode ser que o Pato Fu mostre, nesta sexta-feira em Recife, algumas das músicas inéditas de seu próximo álbum, que será gravado ao vivo em um show para 400 pessoas em Belo Horizonte no final deste mês, e que deverá chegar às lojas em julho.

O Pato Fu está a caminho do décimo aniversário de sua carreira, em setembro, e ainda quer fazer história.

"Somos uma parte bem pequena da música pop brasileira e ainda não temos força significativa pra ter mudado alguma coisa. Espero ter mais oportunidades nos anos que virão", afirmou a modesta Takai.

 

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