Reuters
22/04/2002 - 11h28

Cardeal americano vai a Roma discutir pedofilia

da Reuters, e Roma

Com o tratamento de uma celebridade pela imprensa, o cardeal norte-americano Bernard Law chegou hoje a Roma, onde deve discutir nesta semana com os líderes da Igreja Católica uma solução para as denúncias de pedofilia que surgiram na sua arquidiocese.

Law, arcebispo de Boston, costuma lidar muito bem com o assédio da imprensa, mas dessa vez parecia incomodado com a multidão de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos. Ele disse que espera voltar aos EUA em condições de propor uma política unificada para o clero local em relação ao problema, que será discutido em junho numa reunião da conferência episcopal.

O cardeal é suspeito de ter transferido padres pedófilos de diocese em diocese para ocultar o problema, em vez de denunciá-los. Ele se negou a comentar um possível pedido de renúncia, mas admitiu a existência de ressentimentos contra "cardeais idosos e conservadores".

Para Law, 70, o escândalo não é uma invenção dos jornais, pois se trata de "uma questão muito séria que ameaça a missão da igreja". Segundo assessores, o papa está muito incomodado com o problema, e por isso convocou todos os 13 cardeais norte-americanos amanhã e quarta-feira (24) para reuniões na sala Bologna do Vaticano, coberta de afrescos.

O presidente da Conferência Episcopal dos EUA, Wilton Gregory, disse que espera "uma conversa franca e aberta com os membros da Santa Sé". O Vaticano deve orientar os cardeais norte-americanos a tratarem melhor a questão do celibato junto a futuros padres. No sábado (20), em encontro com bispos nigerianos, o papa João Paulo 2º disse que o celibato clerical é "um presente completo do ser ao Senhor e à Igreja".

A Igreja dos EUA precisa decidir se adotará uma política de "tolerância zero" com os padres, com medidas como expulsá-los das congregações e entregá-los à polícia ao primeiro indício de pedofilia.

Leia mais no especial João Paulo 2º
 

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