Reuters
22/04/2002 - 18h11

Adversários de Chávez pedem reforma ministerial e legislativa

da Reuters, em Caracas

Adversários do presidente venezuelano Hugo Chávez, que retornou ao poder após um golpe que durou dois dias, pediram que ele cumpra a promessa de reconciliação e troque seu gabinete, diminua suas reformas e revise as alianças internacionais da Venezuela.

"Uma das coisas que o presidente Chávez precisa fazer para que a nação realmente acredite em sua sinceridade quando pediu a unidade nacional é desmantelar quase todo, se não todo, o seu gabinete", disse o líder sindical Manuel Cova.

Cova, secretário-geral do maior grupo sindical da Venezuela, o CTV, disse que o atual gabinete é composto por ministros linha-dura pró-Chávez com atitude de confronto em relação a oposição.

"Se ele está falando em diálogo, então é um quadro diferente. O gabinete não é bom para ele", disse Cova à rádio local Union.

Outro adversário de Chávez, o prefeito de Caracas, Alfredo Pena, pediu um novo gabinete de "salvação nacional" e prioridade para as relações com os Estados Unidos, o maior comprador de petróleo da Venezuela. O país latino-americano é o quarto exportador mundial de petróleo.

"Se ele realmente quer diálogo, é muito simples: senhor presidente, governe como um democrata", disse Pena, em entrevista publicada pelo jornal "El Nacional".

Em uma clara concessão após seu retorno ao poder, Chávez aceitou a renúncia do corpo diretivo da estatal de petróleo PDVSA, onde protestos de trabalhadores contra a diretoria quase acabaram com a produção.

Ali Rodriguez, ex-ministro e atual secretário-geral da Opep, foi nomeado presidente na empresa na sexta-feira (19).

O presidente Chávez irritou também os Estados Unidos ao aproximar-se de Cuba, Irã, Líbia e Iraque.

"O chefe de Estado precisa deixar claro que não estamos indo em direção a qualquer revolução, nem a do Irã, Cuba ou Líbia", disse o prefeito de Caracas.

Apesar de alguns oponentes terem elogiado a promessa de diálogo feita por Chávez, muitos observadores dizem que será difícil curar as profundas divisões entre oponentes e simpatizantes, que são de classes sociais diferentes.

"Estamos vendo um abismo entre duas Venezuela, onde sempre será difícil, se não impossível, a existência de um espírito de reconciliação e entendimento", disse o arcebispo católico Baltazar Porras.

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