Reuters
24/04/2002 - 17h55

Chávez mandou tanques às ruas durante protestos, mostram fitas

da Reuters, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mandou tanques e soldados às ruas para proteger o palácio presidencial durante os protestos de civis desramados contra seu governo no dia 11 de abril, de acordo com gravações retransmitidas na quarta-feira.

Nas gravações, Chávez usa o codinome "Tubarão 1" e dá ordens militares precisas, com voz calma. As emissoras privadas de rádio e TV afirmam que as gravações foram feitas por radioamadores que moram perto do palácio.

Opositores de Chávez, que sofreu uma tentativa de golpe logo após os protestos, dizem que as fitas mostram que o presidente venezuelano estava disposto a usar força militar contra civis desarmados. O chefe das Forças Armadas de Chávez, general Lucas Rincón, negou, afirmando que o deslocamento pretendia apenas garantir a ordem pública, e não reprimir as manifestações.

Chávez determinou abertura de inquérito para investigar as mais de 40 mortes ocorridas durante os protestos de rua que acompanharam sua deposição por um golpe militar e sua recondução ao poder.

Autoridades militares envolvidas no golpe dizem que removeram Chávez porque não poderiam aceitar as ordens de uso das Forças Armadas contra civis desarmados.

Chávez não negou ter dado a ordem de envio de tanques e tropas, mas recusa qualquer responsabilidade pelas mortes.

Em uma das fitas reproduzidas na quarta-feira, um oficial não identificado refere-se a Chávez claramente como "senhor presidente". Em outra, o presidente diz: "Aqui é Chávez falando".

"Veja, estou ordenando a aplicação do Plano Avila e o primeiro movimento que faremos é colocar o Batalhão Ayala (de blindados leves) em posição... mande-o para o palácio para tomar posições ao redor dele", disse Chávez.

Em outra gravação, o presidente pede com voz calma relatórios sobre a situação ao redor do Palácio Miraflores. Em outro ponto, ele é informado que o general dissidente Lugo Pena apareceu em uma rádio local e pediu uma rebelião.

"OK, descubra onde ele está", diz Chávez. "OK, entendido, senhor presidente", responde o oficial do outro lado da linha.

Freddy Bernal, prefeito do distrito de Libertador (parte de Caracas) e aliado de Chávez, defendeu o presidente.

"Ele tem o poder de usar força militar como dissuasor", disse Bernal em entrevista à televisão.

Desde a sua recondução ao poder, Chávez vem tentando o diálogo com opositores, mas grupos de direitos humanos afirmam que a paz só poderá ser alcançada quando as mortes durante os protestos forem esclarecidas.

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