Reuters
25/04/2002 - 14h18

Barão da mídia venezuelana nega participação em golpe

da Reuters, em Miami

O magnata da mídia mais poderoso da Venezuela negou com veemência ontem ter participado dos bastidores, do financiamento ou da ajuda ao golpe que afastou por 48 horas Hugo Chávez da Presidência do país.

O bilionário Gustavo Cisneros, presidente e CEO do Grupo de Companhias, disse que não sabia com antecedência do golpe ocorrido entre os dias 11 e 13 de abril. Ele negou que suas emissoras de televisão tenham ajudado os golpistas e incentivado os protestos contra o governo.

"Absolutamente não. De maneira alguma. Zero'", disse Cisneros em entrevista por telefone.

A revista semanal norte-americana "Newsweek" afirmou nesta semana que Cisneros é suspeito de ter financiado o golpe.

Cisneros negou que o encontro de dezenas de simpatizantes de Chávez, que se reuniram na área de sua estação de TV em Caracas na noite do golpe, tenham debatido planos para derrubar o presidente.

"Tenho mais de cem testemunhas que podem dizer que nada foi planejado ali. Nada foi discutido. Todas as pessoas queriam saber o que estava acontecendo no país. Foi isso o que aconteceu", disse Cisneros.

Entre os participantes do encontro estava o líder empresarial Pedro Carmona, levado ao poder pelos golpistas, além de parlamentares, líderes trabalhistas e da igreja.

"Nenhuma dessas pessoas participou do golpe. Todas elas, como todos na Venezuela, estavam protestando contra o governo porque as pessoas queriam reconciliação", disse.

Dezessete pessoas morreram durante a semana do golpe. Imagens de TV mostravam centenas de opositores marchando na capital. Na tarde antes do golpe, Chávez ordenou a interrupção de todas as transmissões privadas, incluindo as do canal de Cisneros.

Líderes do golpe disseram que a atitude de Chávez de tentar controlar o livre acesso à informação foi uma das razões que os levaram ao afastamento do presidente.

Cisneros, o 54º homem mais rico do mundo segundo a revista "Forbes", disse que a Venezuela representa apenas 10 por cento de seus interesses comerciais. Ele tem participação em televisões pagas e em 39.2% na America Online Latin America Inc.

O grupo de Cisneros não informa lucros, mas uma fonte da companhia coloca os lucros de 2001 em mais de US$ 3 bilhões.

Agora, o empresário diz aceitar a oferta de reconciliação de Chávez.

"Se não sentarmos e conversarmos, cairemos numa crise como a que atingiu a Argentina", disse ele. "Temos sorte por termos petróleo, o que pode permitir que escapemos da crise."

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