Reuters
25/04/2002 - 22h02

Teoria do big-bang pode dar lugar a "encolhimento" do Universo

da Reuters, em Washington

E se a teoria do big-bang estiver errada? E se o Universo nunca começou e nunca vai acabar, e está destinado a se expandir em enormes explosões e depois se contrair em incomensuráveis períodos de tempo?

É esse cenário que sugere o físico Paul Steinhardt em um artigo publicado hoje e considerado por ele mesmo como "de dar um nó na cabeça".

A teoria do big-bang, aceita por muitos cientistas durante décadas, sustenta que o universo surgiu há cerca de 14 bilhões de anos, quando um minúsculo ponto, que concentrava toda a energia e matéria que conhecemos, explodiu.

A partir daí, o universo se expandiu, rapidamente a princípio, a velocidades variáveis mais tarde, até hoje. Por essa teoria, o tempo tem um momento inicial, mas não um final.

Mas o modelo proposto na revista "Science" por Steinhardt e por seu colega Neil Turok, ambos de Cambridge, considera o big-bang como um episódio em uma série infinita de outros big-bangs que fazem o Universo se expandir, cada um deles seguido por um "esmagamento" que o faz se contrair sobre si mesmo.

Segundo essa idéia, os 14 bilhões de anos decorridos desde o big-bang que gerou o nosso Universo representam um piscar de olhos em um ciclo que pode durar trilhões de anos. "O tempo não tem um começo", disse Steinhardt.

Os teóricos do big-bang defendem que o Universo se expande segundo a quantidade e o tipo de energia nele contidos. Se ela é do tipo que os terráqueos conhecem - a gravidade, responsável pela atração das galáxias entre si - a expansão será mais lenta.

Mas há uma outra força, misteriosa, que provoca a atração dos corpos. Chamada de energia escura pelos cientistas, ela tende a acelerar a expansão do universo. Seria uma explicação para o fato de que a expansão voltou a se acelerar nos últimos bilhões de anos depois de um longo período de desaceleração.

Segundo Steinhardt, 70% do universo é formado pelo que ele chama de "coisas exóticas", ou seja, a energia escura, e os outros 30% pela matéria normal, aquela que permite uma expansão mais lenta, com uma energia gravitacional capaz de gerar galáxias, planetas e todas as outras coisas.

A energia escura, disse Steinhardt, "uma vez que toma todo o Universo, empurra tudo para longe em ritmo acelerado". Por isso, afirmou, "o Universo dobrará de tamanho a cada 14 bilhões a 15 bilhões de anos, enquanto essa energia repulsiva dominar o Universo".

Mas chega um momento em que a energia negra muda de caráter e começa a provocar o "encolhimento" do Universo. É como jogar uma bola morro abaixo e vê-la ganhar velocidade. "O campo da energia negra está ganhando cada vez mais energia conforme vai descendo o morro, a natureza da força que a controla faz a bola quicar e voltar para sua origem, para frente e para trás de maneira irregular", disse.

"Quando ela muda lentamente, é gravitacionalmente repulsiva, e quando muda rápido, ganha velocidade, é gravitacionalmente atrativa", disse.

O cientistas admite que, com essa característica, a energia escura parece caprichosa. "É, sim, mas não mais que o resto (do que existe no Universo). É só diferente."
 

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