Reuters
29/04/2002 - 16h46

Coréia do Norte inaugura festival para atrair turistas da Copa

da Reuters, em Pyongyang

Ao som de hinos em louvor da dinastia comunista da Coréia do Norte e de fogos de artifício, milhares de ginastas abriram na hoje um festival que terá dois meses de duração e comemorará os 90 anos de Kim Il-sung (1912-1994), o fundador do país.

O governo abriu uma exceção em sua política de isolamento e espera atrair um número sem precedentes de turistas para o festival, que vai até 29 de junho. Agências de turismo acreditam que a Copa do Mundo, que começa em maio nos vizinhos Japão e Coréia do Sul, atraia turistas para um passeio a mais na Coréia do Norte.

A cerimônia de abertura, em um estádio de Pyongyang, foi acompanhada por 100 mil pessoas que agitavam placas coloridas sincronizadamente, formando desenhos. Kim Jong-il, filho de Kim Il-sung que assumiu o poder em 1994, não compareceu, mas assessores do líder disseram que ele assistiu a um ensaio geral na sexta-feira.

A primeira noite da festa foi dedicada a desafiar a Coréia do Sul e seus maiores aliados, os Estados Unidos. As placas do público mostraram sua utilidade política quando os organizadores fizeram com que elas formassem as frases "Os EUA dividem a península coreana" e "Vitória sobre os dois imperialistas". No telão, um vídeo contou histórias de famílias divididas pelo conflito entre as duas Coréias (1950-53).

A Coréia do Norte diz que o festival é dedicado exclusivamente aos feitos da dinastia comunista e nega que aintenção seja pegar carona na movimentação que cercará a Copa do Mundo. "Preparamos o festival Arirang (seu nome oficial) durante um ano", disse Cha Myong-Guk, vice-diretor do órgão nacional de turismo, prevendo que o estádio de 150 mil lugares que abriga a festa ficará lotado "com nosso povo e povos do mundo inteiro".

Festejos como esse são comuns na Córeia do Norte, país que recebe críticas pelos seus gastos com festejos enquanto faltam verbas para combater suas mazelas sociais, como a fome.

Um dos principais objetivos do festival, porém, é arrecadar fundos para combater o problema. Agências humanitárias dizem que a Coréia do Norte pode ficar completamente sem comida até julho.

O país mergulhou numa grave crise com o fim da União Soviética, há pouco mais de dez anos. Segundo algumas ONGs, a fome e a falta de cuidados médicos provocaram a morte de milhares de pessoas.
 

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