Reuters
29/04/2002 - 18h43

Anita Malfatti ganha biografia de sua infância

da Reuters, em São Paulo

A infância da pintora Anita Malfatti (1889-1964) é retratada pela escritora paulistana Carla Caruso em um dos volumes da coleção "Crianças Famosas", lançada na 17a Bienal do Livro pela editora Callis.

Em "Anita Malfatti" (24 págs.), Caruso, de 31 anos de idade e sete obras no currículo, conta os primórdios da vida de Babynha, como era conhecida a pequena artista.

Por causa de um defeito físico na mão direita, Anita aprendeu a utilizar a mão esquerda para desenhar e escrever. Para driblar a dificuldade, Babynha praticava caligrafia e enxergava as letras como se fossem desenhos, como "uma bolinha de nozinho, uma bolinha com um rabinho."

"Escolhi escrever sobre Anita porque admiro seus quadros e por ela ter se revelado para mim como uma mulher corajosa, revolucionária e sensível", disse Carla Caruso em entrevista recente à Reuters.

As ilustrações do livro foram feitas por Ângelo Bonito, mas além do recurso visual, a autora optou por uma narrativa que estimulasse a imaginação dos leitores.

Caruso fala muito das cores como meio de retratar uma característica marcante nas obras de Babynha. "Anoitecia, o céu estava todo alaranjado e azul. Anita correu à janela. Com seus olhos bem castanhos e atentos, via os homens que acendiam os lampiões a gás", conta um dos trechos da obra.

Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo, em 1889, e iniciou seus estudos artísticos com sua mãe, que também era pintora.

Em 1912, ela foi para a Alemanha cursar a Academia de Belas-Artes e, após passar por Berlim e Paris, retornou ao Brasil em 1914, período em que fez sua primeira exposição individual.

Em seguida, estudou nos Estados Unidos e realizou uma outra exposição em 1917, já de volta ao Brasil. A mostra foi altamente revolucionária, dando início ao modernismo brasileiro que viria a reunir diversos artistas nacionais na Semana de Arte Moderna, em 1922.

"Foram os seus quadros que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras", disse Mário de Andrade certa vez.

Em 1922, Anita Malfatti participou da exposição coletiva realizada no Teatro Municipal de São Paulo. Quase dez anos mais tarde ela conquistou uma medalha de prata do Salão de Belas-Artes e participou, em 1951, da primeira Bienal de Artes de São Paulo.

Entre suas pinturas mais conhecidas estão "A Boba", "O Homem Amarelo" e "A Estudante Russa". Anita morreu em novembro de 1964.

A coleção "Crianças Famosas" reúne a biografia da infância de nomes como Villa Lobos, Volpi, Beethoven e Tchaikovsky.


Saiba tudo sobre a Bienal do Livro

 

FolhaShop

Digite produto
ou marca