Reuters
30/04/2002 - 16h57

Desacreditado, Chávez cria comissão de diálogo na Venezuela

da Reuters, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, instala hoje a chamada "comissão presidencial do diálogo nacional" em meio à descrença de opositores, que pedem mais ações e menos palavras.

O presidente, que foi deposto em 12 de abril e retomou o poder 48 horas depois, vem conclamando a união nacional desde então. A oposição o acusa de provocar uma profunda divisão de classes com sua retórica de confronto.

A comissão será liderada pelo próprio Chávez e será formada por políticos, jornalistas, economistas, empresários e sindicalistas. As negociações foram iniciadas pelo recém-nomeado vice-presidente, José Vicente Rangel.

Para alguns analistas, o presidente está tentando recuperar a credibilidade perdida durante seus três anos de governo, que agora precisa lidar com as divisões nas forças armadas e a crescente oposição.

Sindicalistas e empresários sustentam que o diálogo deve passar necessariamente por mudanças no gabinete do presidente, sobretudo pela troca dos ministros da área econômica. Para a oposição, o governo não conseguiu combater o alto desemprego e a pobreza no país que é o quarto maior exportador de petróleo do mundo. Alguns legisladores ainda insistem na saída de Chávez.

Chávez vem dando alguns sinais de abertura ao diálogo. No domingo, disse que fará mudanças ministeriais, mas pediu para não ser pressionado. Também deslocou Rangel do Ministério da Defesa para a vice-presidência, no lugar de Diosdado Cabello.

O presidente também mudou a diretoria da estatal de petróleo PDVSA e pediu uma investigação "exaustiva e imparcial" das mortes de ao menos 15 pessoas nos distúrbios durante o golpe.

A oposição e o governo trocam acusações pelas mortes e o Congresso está formando uma CPI para esclarecer os acontecimentos.
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