Reuters
30/04/2002 - 17h44

Chávez diz que poderia ter se exilado no Brasil

da Reuters, em Santo Domingo (República Dominicana)

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que cogitou exilar-se no Brasil durante os dois dias em que esteve fora do poder. As outras alternativas seriam Cuba, México e República Dominicana.

Em entrevista publicada hoje pelo jornal dominicano "Listín Diario", Chávez acusou novamente a oposição de ter iniciado o tiroteio que provocou pelo menos 15 mortes no dia 11 de abril, levando a uma rebelião militar.

Naquele dia, centenas de milhares de pessoas faziam uma passeata até o palácio do governo pedindo a renúncia de Chávez, quando foram baleadas por franco-atiradores, de acordo com o presidente. "Esses venezuelanos que morreram, de forma lamentável e trágica, a maior parte deles, tenho certeza, não caíram abatidos por balas disparadas pelo governo", afirmou.

"Havia franco-atiradores de grupos radicais e violentos que começaram a disparar de alguns edifícios, contra uma [outra] manifestação a favor do governo", disse Chávez, que horas depois dos incidentes foi obrigado por um grupo de generais a entregar o poder ao empresário Pedro Carmona. Ele foi reconduzido ao cargo dois dias depois.

Chávez disse que estava disposto a abrir mão do governo e exilar-se, desde que recebesse garantias de respeito aos direitos de seus parentes e colaboradores, que a Constituição fosse mantida, com a convocação de novas eleições, e que ele pudesse fazer um discurso ao vivo para o país e explicar as condições de sua renúncia.

O presidente disse que, diante da rebelião militar, ordenou a ativação do plano Ávila, que prevê a ação de tropas em caso de convulsão interna. Chávez nega que houvesse ordem para atirar contra civis, como disseram os jornais locais. Mesmo assim, disse ele, o plano nem chegou a vigorar, porque Chávez decidiu render-se antes.

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