Reuters
01/05/2002 - 17h53

Partidários e opositores de Chávez voltam às ruas da Venezuela

da Reuters, em Caracas

Simpatizantes e opositores do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltaram a tomar as ruas de Caracas hoje, menos de três semanas depois de um protesto que terminou em tiros e desencadeou uma rebelião que derrubou Chávez por 48 horas.

A Confederação dos Trabalhadores da Venezuela reuniu milhares de pessoas em frente à Assembléia Nacional para pedir melhores condições de vida e a renúncia do presidente. "Chávez não, blábláblá", dizia um cartaz, em alusão aos longos discursos do presidente. "Vamos continuar nos manifestando até o fim, até que ele se vá", disse Inirida Crassus, 52.

Simultaneamente, milhares de simpatizantes do presidente, convocados pela Frente Bolivariana de Trabalhadores, rumavam ao palácio de Miraflores para demonstrar apoio a ele. O deputado Ismael García fez um apelo "aos que estão marchando do outro lado da cidade" para que se unam ao processo de diálogo.

As duas manifestações foram acompanhadas por forte contingente policial e militar, para evitar episódios como o de 11 de abril, quando franco-atiradores dispararam contra manifestantes deixando pelo menos 15 mortos e dezenas de feridos. Governo e oposição se acusam mutuamente pelos crimes.

Aquele incidente levou os militares a se rebelarem contra Chávez e colocar o empresário Pedro Carmona na Presidência. Mas os generais retiraram seu apoio ao novo governo depois que Carmona fechou o Congresso e ordenou uma violenta repressão aos simpatizantes de Chávez, o que resultou em mais de 40 mortos. Nessa reviravolta, Chávez voltou ao poder.

Na quarta-feira entra em vigor uma das primeiras medidas de Chávez para tentar reconquistar popularidade após o regresso: o aumento do salário mínimo em 20%. "Temos várias razões para que os trabalhadores venezuelanos celebrem com altura, com dignidade, com força o Dia do Trabalho", disse Chávez num ato oficial.

Apesar do clima festivo das manifestações de hoje, as mais de 60 mortes ocorridas em abril ainda estão frescas na memória dos venezuelanos. A passeata do governo pretendia parar em uma ponte para homenagear as vítimas. Na da oposição, muitos manifestantes usavam tarjas negras em sinal de luto.

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