Premiê espanhol menospreza preocupações com direita na Itália
da Reuters, em RomaO primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, afirmou em uma entrevista publicada hoje que cabia à Itália resolver o conflito de interesses relativo à eleição do empresário Silvio Berlusconi.
Aznar afirmou ainda que não havia motivos para que o mundo se preocupasse tanto com a subida ao poder dos direitistas que integram a coalizão vencedora na Itália.
Antes de o bloco de centro-direita de Berlusconi ter vencido a eleição geral realizada no domingo (13), um de seus aliados, Umberto Bossi, da Liga Norte, foi comparado a Joerg Haider, líder de extrema direita da Áustria.
``Não concordo com as pessoas que colocam Bossi no mesmo patamar que Haider'', afirmou Aznar ao jornal italiano ''Corriere della Sera''.
O ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Louis Michel, sugeriu que a União Européia (UE) deveria estudar sanções contra a Itália se Berlusconi vencesse as eleições com Bossi. As sanções seriam semelhantes às impostas à Áustria devido ao fato de o partido de Haider ter entrado no governo.
Mas, depois de a apuração dos votos ter revelado que o apoio à Liga Norte havia diminuído, Michel afirmou que não mais pressionaria pela imposição de sanções.
O maior obstáculo ao governo de Berlusconi no momento é o conflito de interesses que ele terá de enfrentar como líder da sexta maior economia do mundo e, ao mesmo tempo, proprietário de um vasto conglomerado empresarial, em que estão desde redes de TV a instituições financeiras.
Aznar reconheceu que as proporções do conflito de interesses são inéditas.
``Tudo o que posso dizer é não ser normal que uma pessoa acumule tanto poder político, econômico e de comunicação'', afirmou o premiê espanhol ao ''Corriere della Sera''.
``Parece que o eleitorado italiano já se resolveu sobre o assunto. Cabe aos italianos lidar com isso'', acrescentou.
